Capítulo UHL 1096 - O Lobo que Luta Contra sua Própria Matilha
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Após escutar mais um heresia sair da boca de Íxion, o deus Protetor de elmo escarlate apontou para a frente com a mão aberta, como quem empurra pedras com a palma, e ordenou aos semideuses que até agora pareciam catatônicos com a cena que se desenrolava diante deles.
“Ataquem, seus malditos!”
Os semideuses obedeceram imediatamente, como um só corpo. Quatro vieram da esquerda, a passos largos, com o ar vibrando ao redor de seus corpos. Três avançaram pelo centro enquanto seus peitos inflavam, as veias saltavam pela pele e os músculos engrossavam. Dois romperam o chão em grandes placas. Outros dois ficaram para trás, preparando um disparo de água em alta pressão que serpenteou pelo terreno.
Íxion não recuou sequer um passo. Ele encarou os semideuses, soltou o ar pelo nariz e fechou os dedos até os nós estalarem enquanto o corte fino na têmpora ainda sangrava em um fio quente descendo pela sua face.
O primeiro a chegar foi um semideus de vento, que veio girando, com o calcanhar à altura da têmpora, em uma velocidade absurdamente mortal. Íxion, por sua vez, curvou o pescoço um centímetro e o pé raspou pelo seu cabelo. Enquanto isso, a mão dele já estava em movimento, e ele agarrou o tornozelo do inimigo e puxou para baixo.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
O semideus saiu do giro e o corpo dele bateu de costas no chão de costas. Enquanto ainda estava no ar, um clarão laranja acendeu dos pés até a nuca do semideus que, ao bater no chão, esticou o corpo num espasmo curto e parou de se mexer, sendo completamente carbonizado de dentro para fora.
Em sequência, dois semideuses da vida chegaram juntos. Um estava com um soco mirando o queixo, outro na base da costela. Íxion cruzou os antebraços e recebeu o primeiro impacto, depois, ele cedeu meio passo para dissipar o segundo.
Íxion sentiu o peso dos golpes, mas respondeu com o ombro esquerdo, dando um empurrão no esterno de um deles. O semideus recuou três passos. O outro tentou entrar de baixo com um gancho, mas Íxion prendeu o punho dele com a mão, torceu o cotovelo até ouvir o estalo e abriu a outra mão no rosto do inimigo.
*Tssssssssssssssssssssssss…*
A chama saiu em uma labareda curta, mas concentrada. A pele queimou até o osso e o semideus caiu com a mão no rosto, gritando através dos dedos.
Logo em seguida, a água chegou em lâminas, cortando baixo, tentando cortar as suas pernas. Íxion saltou, e no ar, puxou o fogo do próprio calcanhar e desenhou uma linha vermelha no chão. A lâmina d’água tocou essa linha e virou vapor instantaneamente, estourando numa nuvem que cegou por um segundo. Um semideus de terra, aproveitando a cobertura, fez uma coluna subir sob Íxion para lançá-lo para trás. Ele girou o quadril, pousou no próprio círculo de chamas e avançou como se descesse um degrau.
*Vup.*
Os semideuses de vento voltaram, dois ao mesmo tempo: um chute baixo para travar o joelho, outro por cima, mirando a clavícula. Íxion baixou o cotovelo e bloqueou o chute alto com o bíceps. A pele dele se arrepiou com a pressão. O chute baixo bateu na canela dele e doeu muito, mas da própria canela veio uma resposta com fogo.
O atacante que chutou por baixo gritou, com o pé fumegando dentro da sandália. Íxion, então, estendeu o braço e bateu com a base da mão no queixo do segundo.
*Booooooooooooooooooooooooooooooooooom…*
Uma explosão controlada soou e dentes voaram enquanto o semideus desabava no chão, com o corpo mole.
“Cerquem-no.”
Os semideuses ouviram a ordem do Protetor de elmo escarlate e fecharam o ângulo. Íxion reconheceu o movimento, não por tática, mas por instinto. Quatro na frente, três à direita, dois à esquerda e dois atrás. Terra entupia as laterais, vento limpava o espaço, água tentava ganhar as costas. Vida vinha pelos pontos cegos.
Ele, contudo, andou para o meio deles como quem entra numa porta. O fogo subiu dos seus pés e envolveu seu peito numa faixa grossa, sem cobrir o rosto. O primeiro que alcançou, um da vida, recebeu um soco no plexo. A armadura dele cedeu como se fosse de plástico, o ar de seus pulmões saiu em um som seco e os seus joelhos tocaram o chão de forma quase instantânea.
Íxion apenas pisou na mão dele e seguiu.
Dois de terra ergueram placas para fechar uma caixa ao redor de Íxion e prendê-lo. Ele, porém, esticou os dedos para cima e abriu as chamas como um guarda-chuva.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooom…*
A pedra se tingiu de vermelho incandescente, rachou e caiu em farelos. As lascas cortaram e queimaram quem estava perto. Um semideus levou uma no olho e tropeçou gritando.
Enquanto isso, água veio por cima em queda. Íxion ergueu o braço, com a palma para cima. O calor subiu com um sibilo alto, o ar ficou instantaneamente úmido e quente. Pela névoa, um de vento tentou cortar a garganta dele com a borda da mão. Íxion inclinou a cabeça, prendeu o antebraço do atacante e girou o corpo, jogando o inimigo na direção dos companheiros de vida que avançavam.
Os três caíram num bolo confuso.
Nessa hora, o Protetor de elmo escarlate avançou no meio do caos, com a lança na horizontal e uma descarga saindo das mãos para a haste. Íxion soltou quem tinha no punho e deu um passo para trás.
*Baraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaum…*
A ponta da lança roçou seu estômago, queimando e deixando um risco negro. Os músculos travaram por meio segundo. O Protetor de elmo escarlate tentou aproveitar aquele momento, enfiando a lança de baixo para cima. Íxion, entretanto, desceu o cotovelo com força na haste.
*Claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaang…*
O metal dobrou de uma forma incrível, mas não quebrou. Por causa do toque na lança, eletricidade subiu pelo braço dele de novo e seus dentes apertaram, olhos apertaram, o corpo enrijeceu. Mas Íxion respondeu queimando o próprio antebraço por dentro, anulando parte da descarga.
O Protetor sentiu o golpe voltar e recuou um passo.
No momento momento, o Protetor de elmo negro, pela retaguarda, baixou a mão e o chão em volta de Íxion levantou em espinhos de gelo. Íxion girou o tronco, chutou o primeiro espinho e quebrou. O segundo atravessou o ombro esquerdo em diagonal, pegando carne e congelando instantaneamente a área ao redor.
Muitas células morreram naquele golpe que Íxion levou, mas ele segurou o gelo com a própria mão, quebrou e arrancou para fora.
O corte era feio, mas o fogo fechou as beiradas num crepitar seco e o cheiro de carne selada subiu.
Os semideuses viram o sangue e avançaram com mais fome. Dois de vida quase atacaram de forma sincronizada: um soco no fígado, outro no pescoço. Íxion chegou antes com o fogo, abriu as chamas no chão em meia-lua e cortou a aproximação.
As canelas dos dois ficaram pretas na hora e seus passos falharam. Um caiu de cara no chão. O outro tentou pular o arco de fogo e recebeu um gancho curto no ouvido.
O cérebro daquele deus queimou e ele simplesmente desligou.
Em continuidade ao ataque, uma massa de terra tentou segurar os pés de Íxion com torniquetes que subiam do chão feito algemas. Ele estourou as pedras com calor e se moveu lateralmente enquanto água voltava a ser disparada em jatos finos, mirando nos olhos.
Íxion baixou o queixo e queimou o jato a meio caminho de distância, transformando-os em uma nuvem.
“Esmaguem ele!”
O Protetor de elmo negro gritou a plenos pulmões.
Quatro semideuses vieram de uma vez. Íxion encolheu o corpo, com os cotovelos colados nas costelas, e avançou um passo, com a cabeça baixa e o ombro à frente.
*Boooooooooooooom…*
Ele bateu no primeiro, de vida, com o osso da clavícula que estava tão quente quanto lava de vulcão.
O corpo do semideus voou para trás.
O segundo, de vento, tentou girar por cima e estraçalhá-lo com lâminas de vento. Íxion subiu, desviando dos ataques que abriram imensas fendas no chão e o pegou no ar, pelo rosto, fazendo sua cabeça ser explodida pelas chamas que saíram da palma de sua mão.
O terceiro, de terra, ergueu duas colunas para esmagar lateralmente. Íxion bateu com as duas mãos na pedra,com fogo entre as palmas, e partiu as colunas ao meio.
Os pedaços caíram no chão, causando terremotos, e parte deles estava completamente derretida.
Mais de cima, um semideus de vento saltou e desceu com os dois pés nas costas de Íxion.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
A pancada foi forte e gerou um furacão. Íxion cedeu um joelho e caiu sobre a perna esquerda. O semideus tentou usar o impulso para pular de novo e desferir outro golpe, mas Íxion já estava com a mão na panturrilha dele.
*Baaaaaaaaaaaaaaaang. Crack.* Íxion puxou para baixo e quebrou a tíbia do semideus com um golpe pesado. O grito dele durou poucou,pois Íxion empurrou a cabeça do semideus contra o chão chão e chutou a sua nuca, como se batesse um escanteio.
O silêncio veio logo após o som do pescoço do semideus se quebrando.
Furioso, o Protetor de elmo escarlate voltou a pressionar, com eletricidade subindo em zigue-zagues pelos braços. Ele mudou a pegada na lança, trazendo o centro de massa para perto do corpo, e atacou em sequência, com três estocadas rápidas e pouca abertura.
Íxion desviou um centímetro para cada lado, sem levantar os braços. O Protetor era muito rápido e a ponta da lança arranhou o osso do esterno de Íxion.
Uma dor parecida com faca fria entrando em sua carne veio rapidamente, mas Íxion prendeu a respiração e ela passou.
Quando a quarta estocada veio, ele entrou por dentro do arco da lança e bateu com a testa no elmo escarlate.
O ferro afundou e o Protetor tropeçou dois passos para trás, tonto. Íxion tentou seguir e dar um golpe final, mas o outro Protetor atirou uma lança no flanco dele.
*Splaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
A ponta entrou dois dedos para dentro de sua carne, mas antes que pudesse causar mais danos, o fogo comeu o projétil por dentro e o derreteu, transformando-o água fervendo sob a pele.
Aquilo ardeu como se a carne fosse sal. Íxion rosnou baixo, mas, acostumado com a dor, ele não parou.
Àquela altura, a linha dos semideuses já estava quebrada, mas ainda era numerosa. Um de terra juntou as mãos e ergueu do chão um bloco bruto do tamanho de uma pequena montanha, lançando em arco. Íxion apontou a mão aberta e o bloco incendiou no ar, virando uma massa vermelha e espalhando pedra líquida para todos os lados.
Dois semideuses foram atingidos e foram enterrados até o meio da canela pela lava. Íxion não lhes deu tempo… ele traçou uma linha de fogo no ar e cortou-os de fora a fora, fazendo com que metade de cada corpo escorregasse do resto e criasse um cheiro horrendo cheiro de carne e ferro queimados.
Em gritos de comando, o Protetor de elmo negro tentava reorganizar os seus subordinados, mas já não havia disciplina naquela luta. Havia apenas um medo claro e ensurdecedor. E raiva, também.
Semideuses estavam caindo como moscas, e Íxion, apesar de alguns ferimentos pouco mais do que superficiais, era o responsável por aquela matança.
O comando do Protetor de elmo negro saiu rouco, cortando os gritos dos feridos:
“Juntem no alto! Fechem por cima!”
Os semideuses obedeceram. Em segundos, quase uma dezena estava no ar, formando um anel a vinte metros. A água subiu em colunas finas e certeiras, alimentando jatos que cortavam em diagonais. A terra estourou em lâminas irregulares lançadas para cima como estilhaços. Os semideuses da vida inflaram seus músculos e ossos, que davam às suas investidas o peso de aríetes.
Íxion ergueu o olhar. Ele não voou de imediato. O calor subiu pelas plantas dos seus pés, o fogo subiu nas canelas, tomou as coxas, depois o abdômen. Ele flexionou os dedos dos pés e o chão sob ele virou vidro por um raio de alguns metros.
Então… ele subiu.
*Vuuuuuuuuuuuuum.*
A subida foi reta, clara, um traço laranja riscando o ar. Quatro jatos d’água tentaram interceptar, mas Íxion inclinou o corpo para a esquerda e passou entre dois, com o calor transformando os jatos em uma névoa que o acompanhou como cauda. Um semideus de vento caiu em cima dele, com os punhos como martelos e os braços cortando o ar com lâminas sonoras. Íxion prendeu o punho esquerdo do agressor com a mão e enfiou o cotovelo no estômago dele.
O golpe liberou chamas explosivas e a coluna do semideus dobrou no meio. Com a mesma pegada, Íxion girou o corpo e arremessou o semideus contra os colegas ao lado.
*Thuuum.*
Três caíram de uma vez. A terra, vinda de baixo, se abriu em esferas maciças do tamanho de casas pequenas, arremessadas para explodir em contato. Íxion estendeu as mãos paralelas e abriu o fogo em dois leques. As esferas tocaram o calor e derreteram no ar, caindo como chuva de rocha líquida. Quem estava embaixo gritou e duas figuras começaram a rodopiar no chão, tentando apagar as chamas nas pernas.
Nesse momento, o Protetor de elmo escarlate saltou do solo, alçando voo com um estalo de eletricidade que o envolveu por inteiro. Ele veio em linha, com a ponta da lança brilhando e o barulho do ferro cantando. Íxion subiu mais dois metros e deixou a ponta passar sob o tronco. A haste raspou ao longo das costelas e arrancou faíscas da couraça de fogo que tinha se formado ao seu redor. O Protetor tentou fechar o ponto de saída com a outra mão e outro ataque, agarrando o ombro de Íxion. Contudo, a pele dele chiou e o cheiro de carne queimada subiu.
Íxion bateu a testa de leve no elmo escarlate, o bastante para entortar a viseira, e então se afastou enquanto dava um chute muito pesado no Protetor.
O de elmo negro, por sua vez, não veio voando. Ele ergueu a mão e o céu acima de Íxion congelou num disco translúcido, um teto de gelo quase invisível que Íxion só percebeu quando a pele do rosto ardeu de frio.
O disco estava descendo como prensa.
Íxion não tentou segurar aquilo. Ele desceu em queda livre e o disco o perseguiu.
No meio da queda, três semideuses de vento surgiram por baixo, tentando interceptar com ataques cortantes. Íxion abriu as pernas, virou o corpo no eixo e passou entre eles. Os ventos violentos dos ataques que passaram próximos próximos arrancaram pele do seu antebraço e o sangue saiu, mas o fogo engoliu o sangue e fechou as feridas.
Enquanto isso, o disco de gelo despencava logo acima.
Íxion puxou o ar para dentro e o fogo ao seu redor se expandiu num domo gigantesco.
*Booooooooooooooooooooooooooooooooooooooom.*
O disco congelado tocou o calor e quebrou em placas, que desabaram como uma chuva de lâminas. Dois semideuses foram cortados nos ombros. Um terceiro, de água, levantou a palma para erguer um escudo líquido, mas recebeu uma lâmina de gelo na clavícula e caiu com metade do corpo presa no chão.
Enquanto isso, Íxion voltou ao chão como um meteoro. O impacto abriu mais um círculo de terra vitrificada e o jogou de novo para cima, num coice natural da própria explosão. Ele usou o impulso e entrou no meio de três semideuses que tentavam refazer a linha no alto.
O primeiro perdeu a mandíbula em um golpe direto. O segundo levou um chute no ar… Íxion bateu a canela e o pé do homem foi tirado do eixo e ele rodou de cabeça para baixo. O terceiro tentou acertar um gancho no rim. Contudo, Íxion girou em torno do próprio eixo e o punho do agressor passou varrendo só calor. Ele, então, devolveu com um tapa de mão aberta no ouvido. O tímpano do semideus estourou na hora e um grito saiu atrasado de sua boca, como se não achasse caminho.
Enquanto aquele semideus voava com seu último golpe, Íxion olhou brevemente para suas mãos e, feliz, agradeceu, sem direcionar as palavras a ninguém em específico, porque ele não sabia quem era o merecedor delas: “Muito obrigado! De onde quer que tenha vindo… eu sou grato por essa força!”
