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Capítulo UHL 1098 - Ameaça Invisível

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Tenham uma boa leitura!]


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O vento quente que soprava do solo vitrificado trouxe consigo o eco amortecido dos gritos dentro do domo. Íxion permaneceu imóvel. O ombro sangrava, mas o calor que irradiava de dentro costurava a carne por conta própria, num processo quase irritante de tão lento diante da urgência do que ainda existia ao redor. 


Ele então olhou o céu repleto de poeira, sentindo a quietude recair sobre um campo que, um instante antes, era uma colmeia excitada.


A poeira assentava em flocos pretos. A lança quebrada do Protetor escarlate, enterrada num ângulo torto, vaporizava em filetes que faiscavam à luz do domo. Íxion dobrou a mão lesionada e ouviu o estalo dos tendões em ajuste. Não havia mais passos. Não havia mais vozes. Só o Vale vibrando, gritando, comprimindo o próprio peito contra a muralha cristalina para vê-lo ali, de pé, com fogo ainda no contorno da pele.


Íxion inspirou e expirou uma única vez, profundamente, como quem apaga mentalmente uma página antes de virar a outra.


No alto, por ironia, um corvo descreveu um círculo curto e fugiu, seguindo para o norte.


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Em Kaos, o vento havia parado.


A calmaria, entretanto, não era natural, era o tipo de silêncio que antecede a percepção de algo impossível.


Anúbis, ainda diante da Singularidade, sentiu isso antes de qualquer outro deus. O campo ao redor dele parecia respirar em intervalos irregulares, como se o espaço estivesse tentando manter uma estrutura que já não fazia sentido.


Então, a primeira aura se apagou.


Ele não moveu um músculo, mas o seu olhar estreitou.


Outra sumiu. Depois outra. Três. Quatro. Sete.


E o ritmo acelerou.


Cada aura que desaparecia era uma fagulha arrancada da tapeçaria espiritual que o ligava aos seus subordinados. Ele não precisava ver, bastava sentir.


“Ridículo…”


O tom baixo, mas carregado de desprezo, ficou preso entre seus dentes enquanto ele resmungava decepcionadamente.


Anúbis não era dado a sentimentalismos, mas havia algo de pessoal naquilo. Cada divindade morta representava uma falha direta em sua hierarquia. E, pior que isso, uma afronta à sua autoridade.


Ele fechou os olhos e, por um momento, concentrou-se apenas nas pulsações de poder espalhadas por Hill. O espectro de energia da região estava distorcido, fragmentado, e o calor das mortes recentes subia como um vapor invisível.


Não era necessário nenhum mensageiro para avisar o que estava acontecendo. Ele sabia muito bem.


“Um massacre…” Ele murmurou, quase sem voz.


Em seguida, mais duas dezenas de sinais se apagaram.


Anúbis então respirou fundo, o suficiente para que a areia ao redor de seus pés se erguesse num círculo.


“Imbecis.”


O timbre dele endureceu.


A mandíbula do Grande Deus se moveu lentamente, e o olhar dele virou na direção de Hill, mesmo que o horizonte estivesse encoberto pela distorção da Singularidade.


Nenhum dos deuses sob seu comando deveria ter caído ali. Nem mesmo os semideuses. Hill era uma terra desguarnecida. Um território frágil. E havia Protetores designados para manter tudo sob controle. Por isso, a ideia de um ataque coordenado sequer lhe passou pela cabeça.


Para Anúbis, só havia uma explicação possível… incompetência.


“Protetores mortos... semideuses mortos...”


Ele girou o pulso enquanto xingava, e um cajado de ponta dupla emergiu da areia, vibrando em resposta ao toque. As inscrições ao longo da haste brilharam com uma luz pálida, evocando gritos de antigos julgamentos e mortes.


“Vocês... são um desperdício de energia divina.”


A raiva que escorria de sua voz não era explosiva, mas contínua e direcionada. Ele sempre foi o tipo de deus que tratava a própria autoridade como extensão da ordem natural, e agora, aquela ordem estava sendo desmontada diante de seus olhos, ou pior, sob seu nome.


Por instinto, ele estendeu a percepção espiritual para o máximo. Cada fração de aura detectável passou por seu crivo. Os fragmentos dispersos dos Protetores ainda ecoavam no ar, fragmentados demais para que houvesse recuperação.


A presença mais marcante que ele detectou vinha de Íxion, o Protetor que deveria estar morto, mas era a única aura inteira no lugar onde muitas se apagaram.


Para piorar, o fluxo de energia de Íxion não estava em colapso. Pelo contrário… Ele estava crescendo.


Anúbis, ao sentir aquilo, franziu o cenho.


“Não…”


Enquanto tentava negar o que sentia, ele se concentrou mais, tentando captar mais detalhes no padrão energético. Contudo, a aura que se erguia em torno de Íxion era densa demais para ser natural. E ela aumentava a cada morte.


A hipótese mais lógica era uma reação em cadeia, talvez um artefato ativado, mas ainda assim, não fazia sentido.


Nenhum artefato conhecido possuía aquele tipo de poder. Pelo menos não os que pertenciam aos deuses e estavam perdidos.


O calor não era apenas físico… era espiritual, corrosivo… faminto.


“Você está drenando os seus próprios.”


A constatação veio com um tom misto de irritação e incredulidade.


Íxion não poderia estar fazendo aquilo de propósito. Mesmo sendo um traidor, um Protetor jamais se alimentaria assim de seus subordinados. Era uma quebra de princípios inconcebível, um crime que nem os deuses mais insanos cometeriam sem uma ordem expressa do Pai de Todos.


Contudo, as auras não mentiam. E cada novo apagamento parecia alimentar ainda mais a presença do próprio Íxion.


Anúbis começou a andar, contornando a borda da Singularidade. O espaço vibrava levemente a cada passo, reagindo à proximidade do deus, e ele ainda olhava para o centro da distorção com uma repulsa genuína.


“Essa aberração…”


A Singularidade era, para ele, um insulto existencial. Um ponto de convergência onde o tempo não obedecia às regras. Um vazio disfarçado de criação.


O fluxo temporal irregular, a energia espiritual corrompida, as frequências que escapavam da estrutura universal… tudo ali lhe causava náusea.


Mesmo assim, ele permaneceu diante dela, olhando o reflexo das suas próprias íris distorcidas pelo espaço instável.


“Vocês brincaram demais com isso.”


Os ecos das suas palavras morreram mais rápido do que ele podia imaginar, porque foi nesse instante que o chão tremeu.


Algo balançou no tecido espiritual. Um novo conjunto de auras começou a desvanecer.


Dessa vez, não na parte de Hill onde Íxion estava.


Era em outro ponto. Distante, mas ainda dentro do mesmo continente.


E o ritmo… era praticamente o mesmo.


Três auras sumiram. Cinco. Depois nove, em sequência.


O som que escapou dos dentes de Anúbis foi o de alguém que, por um instante, perdeu o raciocínio.


“Mais um?”


Perplexo, ele fechou os olhos e ampliou o alcance da percepção até o limite. Cada fragmento de energia divina, cada traço de alma no campo vibrava sob sua inspeção. Um mapa sensorial se formou em segundos, com dois epicentros de destruição, um próximo ao Vale da Esperança, outro na planície oriental de Hill.


“O que está acontecendo?.”


Anúbis resmungou, e a areia ao redor dele começou a se mover, formando ondas pequenas que espelhavam seu estado de espírito.


Enquanto isso, os deuses caíam rápido demais, em pontos demais, com energia demais. Nenhuma força comum poderia ter feito aquilo em tão pouco tempo.


A dúvida surgiu, o desconforto se instalou, e Anúbis não gostava de não saber o que estava acontecendo.


O controle estava escapando de suas mãos, e ele fechou o punho, como se quisesse recuperá-lo. 


No mesmo instante, o cajado se dissolveu em partículas e se integrou ao braço direito, que agora parecia feito de obsidiana líquida. Linhas escuras corriam da base dos dedos até o ombro, pulsando em sincronia com a raiva.


“Seja quem for… vai pagar caro por isso.”


O braço direito de Anúbis vibrou com o peso do cajado fundido em obsidiana viva. As linhas escuras que corriam do punho ao ombro pulsaram uma vez, firme, como um selo reativado depois de anos de inatividade.


“Seja quem for… vai pagar caro por isso.”


Logo em seguida, ele se projetou um passo à frente. O ar torceu. A pressão subiu e Anúbis disparou para o campo de batalha do Vale da Esperança, onde a presença de Íxion crescia como um incêndio sem controle.


O primeiro deslocamento arrancou o chão em placas finas, deixando um rastro de poeira no deserto. O corpo de Anúbis atravessou a distância como quem risca vidro com diamante, abrindo uma trilha quase invisível no tecido do espaço. 


O caminho estava traçado, mas Ánubis parou, de repente.


A lista de auras atreladas à sua hierarquia tremeu, mais uma vez.


Quatro se apagaram, quase simultaneamente. O padrão de mortes não se parecia com Íxion. Nem com qualquer outro Protetor. Era um massacre limpo, sem sobras, sem gritos. Em seguida, onze. Depois, mais seis.


Em um intervalo muito curto de tempo, Protetores e semideuses simplesmente desapareceram da existência.


Anúbis travou no ar, ainda entre Kaos e o céu de Hill. A rota reconstruiu-se num plano claro e urgente… o epicentro dos novos apagamentos, que ficava a centenas de quilômetros a leste do Vale da Esperança. 


Ele revisou a prioridade sem precisar pensar. Íxion poderia esperar. O segundo ponto não.


Anúbis girou o corpo e mudou de direção.


Anúbis acelerou. A cada quilômetro, ele varria camadas de ar como quem apaga traços de giz com pano úmido.


Mais três auras sumiram. Diferentes das outras. Essas tinham origem em Protetores, pois eram mais densas. A queda deles foi igual à dos demais… limpa.


A afirmação tinha o sabor de uma ofensa pessoal. Assassinar deuses era um gesto de desrespeito a uma estrutura milenar. Era como desfazer um selo na presença do próprio criador.


O horizonte de Hill abriu-se à frente e Anúbis rasgou o céu.


A planície oriental apareceu em listras turvas e ondulantes.


No meio do movimento, algo muito repentino puxou o pensamento dele, como alguém que puxa o outro pelo colarinho.


Não foi um presságio místico. Não foi uma voz. Foi aquele tipo de sensação objetiva que se tem quando se está em perigo.


“O que foi agora?”


Ele não chegou a virar o corpo, só os olhos. O pescoço permaneceu rígido. A rotação de ombros foi mínima, calculada para não perder velocidade. O horizonte que o levava à planície tremeu. E a Singularidade, longe, pareceu piscar.


Anúbis não viu nada.


Enquanto isso, mas nove auras sumiram.


“Chega.”


O tom não foi alto. Foi derradeiro. Ele tinha que colocar um ponto final naquela loucura.


Ele acelerou, e quando o solo de Hill ficou a menos de dois quilômetros, ele travou outra vez. Não por indecisão, mas porque a sensação de perigo bateu ainda mais forte.


Não era com o lugar. Nem com o processo. Era com ele. Algo bem mais direto.


O corpo reagiu antes do raciocínio e sua coluna torceu um quarto de volta. O ombro direito projetou-se um palmo para trás e a cabeça começou a virar.


Á feição dele encolheu enquanto ele previa um deslocamento impossível de medir, e algo apareceu dois palmos à sua frente.


Foi em um espaço mínimo que ele viu a traição do ar e da visão.


Uma deformação que não veio com aviso, não nasceu de um ponto emissor, não carregou calda de condensação térmica. Apenas apareceu, como um buraco que surge do nada.


Anúbis viu que uma ponta estava a menos de três centímetros do arco do seu supercílio.


Era gelo. Um gelo com a superfície era tão que refletia os seus olhos como dois riscos alongados. Não havia granulação, não havia microtrincas, não havia qualquer tipo de imperfeição que denuncia uma arma feita às pressas.


Aquilo era uma flecha.


A flecha tinha corpo fino, densidade anormal para o comprimento, peso balanceado, com nervuras internas que não se viam, mas que se percebiam pelo modo como a luz desviava nas bordas. Ela não girava. Avançava em linha reta, orientada por um eixo invisível que não obedecia a correntes do espaço, nem à gravidade, nem ao atrito residual do ar.


“Isso veio de onde?”


Anúbis questionou, e a frase não soou como admiração.


Enquanto isso, a flecha vinha numa velocidade que não fazia sentido para aquele material. E o cálculo instantâneo de interceptação deu três soluções: cotovelo direito para fora e queixo recolhido; palma oblíqua para desvio lateral; ou um giro mais agressivo para desviar sem tocá-la..


A sensação de perigo insistiu à medida que o objeto ficava maior, devido à proximidade.


Ele considerou a hipótese de uma segunda flecha. E terceira. Mas , não havia arrasto que as denunciasse. O risco maior, portanto, não era o impacto… era a origem não mapeada. 


Defender-se às cegas abria espaço para um segundo ponto de ataque com a mesma ausência de assinatura.


Ele sentiu a raiva consumir parte da sua confiança e finalmente começou o movimento de desvio.


Agora, a flecha estava a dois centímetros.


Enquanto girava, Anúbis viu cada detalhe da flecha de gelo, que era, de fato, puro gelo. Não havia metal sob a camada fria.


Quando o projétil passou, Anúbis franziu o cenho ao sentir, de novo, a mesma sensação de perigo…


“Quem está fazendo isso?”


Anúbis indagou, enquanto mais três flechas surgiam em pontos distintos do espaço, todas a poucos centímetros de distância dele.



O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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