Capítulo UHL 1110 - O Julgamento do Fogo
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Enquanto isso, em outro campo de batalha…
O som da transmissão ainda ecoava no amuleto de Yang Hao.
“Transmissão de prioridade: O Guardião Imperial Yang Gengi está morto.”
O vento que soprava sobre as ruínas pareceu hesitar naquele momento. O ar se deformou. As montanhas que restavam, já em cinzas, começaram a vibrar sob a temperatura crescente.
Yang Hao ficou imóvel, com os olhos baixos. Nada em sua postura indicava perda de controle, mas as chamas ao redor dele começaram a se mover como se tivessem vontade própria.
O calor passou a ranger.
E o céu antes vermelho tornou-se branco.
Yang Yin sentiu primeiro. A prata que o envolvia amoleceu, depois derreteu, e ele foi forçado a expandir sua energia para afastar o metal líquido antes que o atingisse.
Yang Fen, ao lado, recuou por instinto. As próprias chamas cinzentas, tão impuras e corrosivas, estremeceram como se temessem o fogo imperial.
E então, o imperador murmurou, sozinho.
“Gengi… você sempre foi mais do que um general para mim… desde antes de se tornar Guardião Imperial, meu Guardião Imperial, você esteve ao meu lado… como um professor, como um conselheiro… como um exemplo de lealdade à Dinastia…”
“Você sempre foi a voz da sensatez… enquanto quase todos os outros concordavam comigo, você tinha a coragem de discordar. Não por orgulho, vontade de me contrariar, ou por querer me fazer mal…”
“Você sempre foi puro… isento de sentimentos ruins…”
“Você fazia isso, porque sabia o quão pesado era o meu fardo… você sabia quanto poder eu tinha nas mãos… e, por isso, sabia que tinha que me proteger de mim mesmo… que, às vezes, precisava proteger até mesmo a Dinastia Yang de mim.”
“Quantas decisões ruins eu deixei de tomar por sua causa… e mesmo quando eu não segui um conselho seu… quantas vezes você me seguiu, independentemente de concordar ou não…”
“Você sempre foi o mais leal de todos. Sempre foi o mais justo, o mais sensato e o mais protetor.”
“Meu coração dói hoje… ele dói, porque a Dinastia Yang perdeu um grande Guardião, e porque o mundo inteiro perdeu um grande homem!”
Yang Hao se lamentava aos murmúrios, torcendo para que sua voz chegasse a Yang Gengi no outro plano. E após dizer aquelas palavras, ele olhou friamente para Yang Yin e Yang Fen, e falou: “Um Guardião Imperial morreu defendendo o nome que vocês mancharam.”
Sua voz não foi alta, mas o som atravessou quilômetros. Até mesmo as pedras em chamas o ouviram.
As asas de fogo nas costas do imperador se expandiram até o limite, e, quando bateram, o mundo reagiu.
*Booooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom.*
A atmosfera se abriu como uma ferida exposta. Labaredas surgiram de cada direção, formando um redemoinho colossal que engoliu o horizonte.
Yang Yin cerrou os dentes, movendo as mãos com precisão. De sua aura, cem lâminas prateadas voltaram a surgir, girando ao redor dele como um anel celestial. Ele as lançou todas de uma só vez, e cada uma foi acompanhada por uma rajada cortante de vento.
*Fshhhhhhhhhh.*
Em contraste às chamas do imperador, o céu se tornou uma tempestade metálica. As lâminas se espalharam em múltiplas direções, buscando os pontos vitais de Yang Hao.
Mas o fogo respondeu.
Yang Hao ergueu o braço, e o espaço diante dele se dobrou em calor.
*Booooooooooooooooooooooooooooooooooooooom…*
As lâminas tocaram a parede incandescente e foram convertidas em vapor, metal e luz. Nada sobrou daquela explosão.
As cinzas prateadas caíram como poeira de estrelas mortas.
Yang Fen tentou se aproveitar do instante e avançou com o punho cercado de fogo cinza.
O impacto atravessou a distância como uma explosão, mas o fogo cinza, ao tocar o fogo vermelho, se desfez.
O que era corrupção foi queimado em cinzas. O que era impureza foi consumido em sua própria essência.
Yang Fen viu o próprio braço se desintegrar em partículas antes de compreender o que havia acontecido.
E o imperador, sem se mover, apenas o olhou.
“Vocês acharam que poderiam me vencer?”
A voz dele soou, grave, como se viesse de dentro da terra.
Logo em seguida, o chão abaixo deles derreteu. Cada partícula de poeira acendeu e se tornou uma chama viva.
O céu se curvou, e o mundo assumiu a cor do inferno.
Yang Yin recuou, invocando novamente suas espadas, mas agora as fazia dançar em torno do irmão de armas, formando uma barreira giratória.
“Fen! Mantenha o foco!” Ele gritou, tentando reorganizar a formação.
Yang Fen rugiu, forçando as chamas cinzentas a tomarem a forma de serpentes e disparou todas elas.
Cada uma delas explodiu contra o fogo imperial e foi instantaneamente destruída.
O resultado daquilo foi um clarão absoluto.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom.*
O impacto queimou o próprio som. A visão sumiu. O ar se desfez.
Por alguns segundos, o mundo inteiro foi apenas luz.
Quando o clarão se dispersou, o campo de batalha havia desaparecido. No lugar das montanhas, havia uma cratera de mil quilômetros, e o solo, antes sólido, se movia como vidro líquido.
Yang Yin, pego na explosão que nem pôde evitar que acontecesse, reapareceu cambaleando no ar, com o rosto coberto de suor e cinzas prateadas.
“Não…” Ele murmurou, vendo o brilho do fogo imperial se espalhar pela linha do horizonte: “Isso não é apenas poder. É um funeral…”
Perto dele, Yang Fen ainda estava de pé, com o corpo fumegante. Suas chamas haviam perdido a cor, e sua respiração chiava como vapor saindo de um ferro incandescente.
Eles tentaram coordenar outro ataque contra o imperador.
As lâminas de prata formaram uma espiral ascendente, guiadas pelo vento; Yang Fen concentrou todo o fogo cinza no braço restante e avançou.
Contudo, o imperador também se moveu.
Ele desapareceu e reapareceu no centro do ataque, atravessando o vórtice de prata como um cometa flamejante.
*Claaaaaaaaaaaaaaaang.*
A Ressurreição Ardente colidiu com a armadura de Yang Fen.
O som reverberou como mil sinos explodindo ao mesmo tempo.
O corpo do traidor girou no ar, e metade do torso dele se desintegrou em chamas.
Yang Yin reagiu rapidamente, ordenando às lâminas que descessem todas de uma vez.
Cem mil espadas mergulharam no fogo, e nenhuma voltou.
O céu inteiro prendeu a respiração sob a imagem de um mar de prata líquida que estava prestes a desabar sobre tudo.
Yang Hao ergueu a Ressurreição Ardente acima da cabeça, e as asas flamejantes se fecharam em torno do corpo como o batimento de um coração colérico.
O mar caiu.
E o imperador abriu as asas.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooooom.*
A onda térmica subiu como uma coluna do próprio subsolo e encontrou a prata em queda. O metal gritou. Em centenas de quilômetros, a lâmina fluida ferveu, borbulhou e se esgarçou em véus cintilantes que o fogo devorou sem pressa, convertendo brilho em cinza, peso em luz e matéria em ar quente.
“Agora!” Yang Yin rasgou o ar com um gesto, dividindo o mar em corredores espiralados. O vento encorpou, torcido em hélices invisíveis que puxaram a prata derretida para trajetórias oblíquas, longe do centro do calor.
Yang Fen entrou nesses dutos como um raio, com o braço bom coberto de fogo cinza. Seus punhos bateram em sequência, sem técnica ornamental, apenas força e insistência, detonando bolsões de ar impuro para abrir uma passagem sobre a cratera.
O horizonte tremeu.
Yang Hao, por sua vez, estava lá.
Ele apareceu no ápice do corredor, sem deslocamento perceptível, e desceu com a espada na diagonal, com um corte tão quente que não precisava tocar para ferir e trazia o peso de um juramento consigo.
*Claaaaaaaaaaaaaaaaaang.*
A prata se fechou em placas, três, cinco, nove camadas à frente de Yang Yin. O impacto atingiu a primeira e a transformou em poeira, rachou a segunda e vaporizou a terceira. O resto derreteu em cascata, mas comprou meio suspiro.
Nesse meio suspiro, Yang Yin fez o que o imperador um dia elogiara nele: calculou.
As lâminas prateadas que pairavam ao redor não eram mais apenas lâminas, eram vetores. Ele as lançou contra a própria prata derretida, mudando o estado do material no contato, travando bordas, criando vigas e passagens, como uma ponte impossível sobre o fogo.
Yang Fen, por sua vez, estourou o solo com um único chute. Da fratura emergiu um jato de fumaça escura, uma mistura de cinza espiritual e pó mineral, que envolveu os dois por um instante como um manto. O fogo do imperador comeu a fumaça, mas aquela película bastou para confundir um contorno, atrasar uma leitura e torcer uma linha de calor por frações de instante.
Foi o bastante para os traidores ganharem altura.
“Você ensinou isso para eles.” Murmurou o vento nas asas do imperador, quase como se o próprio mundo o lembrasse: “Disciplina… Sinergia.”
Yang Hao não respondeu. Ele afundou os ombros, girou o punho e, com um único bater de asas, desenhou no céu um círculo de fogo perfeito.
O círculo se expandiu.
Cresceu até tocar o horizonte.
E quando tocou, virou anéis que se espalharam como a superfície de um lago atingido por um meteoro. Cada anel era o epicentro de um choque, e cada choque era o começo de um fim.
*Boooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooom.*
As cordilheiras que ainda resistiam foram deitadas como grama. O mar distante tentou fugir e ferveu no ato. A prata em suspensão estourou em pétalas de metal e luz. As camadas de vento que Yang Yin havia talhado colapsaram uma a uma, como portas sendo batidas por um gigante.
Yang Yin e Yang Fen voaram para longe e caíram com o impacto, não em direção ao chão, porque chão não havia mais.
“Segura.” Yang Yin agarrou o antebraço de Fen no ar, com os dois girando numa espiral que teria sido bela se não fosse mortal: “Eu vou te puxar!”
Lâminas brotaram do nada às costas de Yang Yin, dezenas, então centenas, todas apontadas para longe, todas empurrando a aura dele como remos prateados batendo contra um mar invisível. Cada “remo” cortava o ar e o vento obedecia, produzindo impulso real, força de fuga e ruptura de arrasto.
Yang Fen cerrou os dentes. O fogo cinza envolveu a perna, a cintura e o tronco, formando um casulo de chamas apodrecidas. Onde o calor imperial tocava, o casulo morria; onde o casulo resistia, ele roía matéria residual, raspava impurezas do ar, criava dentes no vazio. Era feio, era indigno, mas funcionava… aquilo abria micro-janelas de atrito, trilhas onde o fogo do imperador demorava um mísero instante a mais para engolir.
Os dois rasgaram a borda do anel como duas flechas cansadas que recusam cair.
Contudo, a resposta do imperador veio silenciosa.
Ele apontou a Ressurreição Ardente para o alto e, sem tremor, pesou a própria espada com a memória de Yang Gengi. As chamas se enrolaram na lâmina e se desfizeram em uma chuva de penas incandescentes.
Elas voaram e não caíram.
Elas escolheram. E escolheram o par que fugia.
A chuva de penas de fogo desceu em linhas verticais, depois curvas, depois ângulos de caça, desenhando trajetórias que nenhuma geometria comportava. Onde tocavam, elas não só explodiam, mas calavam. Calavam o som, calavam a luz, calavam qualquer tentativa de vento.
Yang Yin sentiu primeiro… as lâminas perderam sustentação, como se o ar tivesse ficado liso demais para segurar arestas. Ele girou as mãos, trocou de técnica e invocou o “Céu de Lâminas Errantes”.
Espadas soltas em órbitas caóticas, movidas por mil vórtices. Por um segundo funcionou, mas no seguinte, as penas tocaram os vórtices e os dissolveram em silêncio.
Yang Fen sofreu mais. As penas pousaram no casulo de chamas cinzas e a casca murchou, não queimando, mas perdendo estrutura, como um órgão que esqueceu sua função.
“Não dá para manter.” Yang Fen tossiu, com um gosto de metal na boca e os olhos cortados por linhas de dor: “Solta, Yin. Vai embora.”
“Cala a boca.” Yang Yin xingou. A prata se enraizou nele, correndo pelas veias espirituais como um rio líquido, e outra centena de lâminas nasceu do nada: “Nós saímos juntos dessa.”
Foi nesse momento que o céu vibrou diferente, com um pulso fora do ritmo da destruição.
Longe, muito longe, três pontos pretos brotaram no azul pálido da atmosfera ferida. Não eram estrelas; eram buracos na luz.
A Trindade estava agindo.
“Eles estão…” Yang Yin começou, mas a frase morreu, pois o olhar do imperador já estava sobre a nova ferida no mundo.
Yang Hao não voou até lá. Ele não lançou nada.
Ele apenas puxou ar.
As asas se abriram para trás e sugaram a própria atmosfera numa inspiração sem som. O calor deu um passo, o espaço cedeu dois, e a dobra recém-nascida enrugou como papel molhado.
*Craaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaash…*
As três sombras tremeram, a assinatura de energia espiritual da Trindade vacilou.
Do outro lado, olhos se arregalaram de surpresa.
“Não vai ser fácil tirar eles de lá!” Amin comentou ao sentir o calor das chamas de Yang Hao que, por um instante, quebraram parte da estrutura do domínio no qual eles eram os governantes.
