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Capítulo UHL 1124 - Família

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Tenham uma boa leitura!]


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A linha do tempo não é um fio esticado.


Enquanto, dias depois, Zao Tian cutucava a mente de Anúbis em Kaos, Gold xingava meio mundo e Odin virava na cama lá em cima… em outro ponto da história, um fio paralelo já tinha sido puxado.


Foi antes disso.


Quando o Olho ainda não era só ruína e memória, quando um certo “monstro” de olhos apáticos foi arrancado do campo de batalha e levado para o único lugar onde a Trindade se sentia intocável:


O Domínio da Miragem Eterna.


O que aconteceu ali, em silêncio, mexe no tabuleiro tanto quanto qualquer tratado.


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Foi ali, naquela cópia silenciosa do nada, que uma fenda se abriu, um rasgo fino, horizontal, e Grasel entrou.


Ele surgiu com o corpo ainda marcado do combate: roupas rasgadas em vários pontos, sangue seco em manchas escuras, queimaduras apagadas nas bordas da pele. A postura, contudo, permanecia reta, firme, como se o cansaço não tivesse permissão para dobrar nada ali.


O rosto dele continuava naquele mesmo neutro estranho: nem raiva, nem dor, nem alívio. Só uma quietude rígida, treinada demais pra parecer natural.


Os olhos dele varreram o Domínio, acostumados a procurar ameaça antes de qualquer outra coisa.


Ele viu tudo de uma vez.


Um degrau espelhado à esquerda, com Lucke sentado ali, meio encolhido. Capuz jogado para trás, cabelo bagunçado e o olhar grudado em algum ponto do chão que não existia de verdade. O corpo dele dizia “eu estou aqui”, mas a postura dizia “esqueçam que eu existo”.


Ele sabia o que acontecia quando chamava atenção naquele lugar.


Do outro lado, encostado numa “coluna” que era só reflexo, estava Yang Yin. Braços cruzados, não por pose, mas para segurar o peito por dentro. O rosto continuava refinado, bonito, frio… mas havia uma coisa quebrada atrás dos olhos. O espaço onde Yang Fen deveria estar agora era só um buraco de luto e ódio que nenhum cultivo fechava.


Mais ao fundo, um pouco acima, estavam eles.


Rachid.


Amin.


Samir.


A Trindade.


Os trigêmeos ocupavam o centro do Domínio como se o espelho tivesse sido criado para refletir eles primeiro e o resto depois. Mesma altura, mesmo rosto. As diferenças entre eles moravam nos detalhes: Rachid era um pouco mais solto, como se estivesse sempre um passo à frente da própria calma; Amin tinha o olhar frio, calculando tudo; Samir estava com um sorriso quase permanente, suave demais para combinar com as atrocidades ele fazia.


Quando Grasel atravessou a fenda, os três se levantaram ao mesmo tempo.


“Aí está ele…” Murmurou Rachid.


“O fio mais afiado que temos!” Completou Amin.


“Nossa melhor arma voltou pra bainha…” Concluiu Samir.


As vozes se emendaram, escorregando de um pro outro como se uma só mente usasse três bocas diferentes.


Grasel nem pensou.


Deu três passos à frente e caiu de joelhos diante deles.


O impacto do corpo contra o piso espelhado fez um som grave, limpo.


A cabeça dele baixou, e ele olhou para o irmão enquanto dizia.


“Pai...”


“Pai...”


“Pai…”


Ele disse a mesma palavra para cada um dos trigêmeos, antes de completar: “Me perdoem!”


Quando escutou aquilo, Lucke ergueu os olhos num reflexo quase doloroso.


Yang Yin também, com o maxilar travando num misto de irritação, inveja e respeito involuntário.


“Pais”.


A palavra não era usada ali dentro. Não por ninguém além dele.


Rachid aproximou-se.


“Por quê, Grasel?”Ele  perguntou, sem bronca, só puxando a resposta: “Por que pedir perdão?”


Os punhos de Grasel fecharam.


“Eu falhei.” Ele respondeu, direto: “Não matei todos. Não consegui matar o rei do Vale da Esperança. Deixei o inimigo em pé.”


Depois de dizer aquilo, Grasel, respirou fundo, como se organizasse o diagnóstico:


“Eu existo para matar quem vocês apontam. Eu não matei. Então é uma falha.”


Não havia drama no tom de Grasel.


Era só lógica.


Amin se aproximou também, parando ao lado de Rachid.


Samir veio logo depois, com os três formando uma linha na frente dele.


“Você matou Yang Gengi.” Lembrou Rachid, como quem lê um relatório que ele mesmo escreveu: “Rasgou um dos pilares da linhagem mais antiga do mundo.”


“Você também humilhou Yang Feng e Yang Chao.” Acrescentou Amin, com um brilho satisfeito no olhar: “Quebrou ossos, sobrenome e orgulho no mesmo golpe. Fez a Dinastia Yang parecer um brinquedo barato.”


Samir inclinou um pouco o corpo, com o sorriso ficando um pouco mais quente.


“Aquela era uma infestação que ninguém arrancava inteira.” Ele disse, calmo: “Você arrancou parte dela na marra.”


Grasel manteve os olhos no chão espelhado.


“Mas não matei Ming Xiao.” Ele insistiu, simples: “Ele ficou de pé.”


Rachid soltou um suspiro breve.


“Você estava exausto quando ele chegou.” Ele explicou: “Nós vimos. Você já carregava um massacre nas costas. Até o melhor fio fica cego se cortar demais no mesmo dia.”


Amin assentiu.


“Você fez o suficiente.” Ele disse, antes de apontar para Lucke e até Yang Yin, e dizer: “Nenhum outro deles chegou perto disso.”


Samir completou, quase suave: “E enquanto todas as atenções estavam em você… nós tivemos espaço.”


Ele virou o rosto, olhando na direção de Lucke e Yang Yin.


“Graças à bagunça que você puxou…” Ele continuou: “Nós resgatamos aqueles dois.”


Lucke encolheu os ombros, como se quisesse sumir dentro da própria roupa.


Yang Yin fechou ainda mais os braços e franziu o cenho.


Grasel ergueu o queixo só o suficiente para seguir o olhar de Samir.


Os olhos dele pousaram em Lucke por um instante.


Não havia sorriso. Não havia mudança óbvia. Mas algo ali apertou, um “você ainda está vivo” silencioso, que só os dois reconheceriam.


Lucke percebeu.


Os olhos dele responderam, mas ele desviou rápido, como alguém acostumado a apanhar por demonstrar qualquer coisa.


Havia um respeito entre eles, uma irmandade, mas parecia que era proibido sentir isso diante dos mestres.


Rachid então pousou a mão no ombro de Grasel.


“Você não falhou, Grasel.” Ele disse: “Você abriu um buraco dentro da linhagem que achava que era invencível.”


Amin deu de ombros.


“O resto é custo de batalha.” Ele comentou: “Todos mortos em um único dia é só uma fantasia de alguém que perdeu o juízo.”


Samir inclinou a cabeça.


“E Ming Xiao…” Ele falou, tranquilo: “Ele não saiu da lista. Você vai cruzar com ele de novo. Vamos garantir isso.”


Os olhos de Grasel ganharam um brilho quase imperceptível naquele momento.


“Prometem?” Ele perguntou, como se, mesmo que quisesse agir por conta própria, não o faria sem permissão.


Os três responderam juntos, sem hesitar: “Prometemos.”


O silêncio se ajeitou de novo.


Até que Grasel perguntou o que ainda faltava.


“E Hanzo?” A voz dele não mudou, mas o ar mudou: “Onde ele está?”


Os trigêmeos trocaram um olhar rápido, um lampejo de entendimento corrente entre os três.


Foi Amin quem respondeu: “Hanzo morreu.”


Grasel não piscou.


“Quem?” Ele precisou perguntar. Ele precisava saber o nome do carrasco.


“Zao Tian.” Samir disse, sem suavizar: “O homem que os idiotas lá fora estão chamando de “herói”. O desafeto preferido dos deuses. Foi esse aí que matou Hanzo.”


Rachid então completou: “A Tríade não é mais composta por três.”


O Domínio pareceu ficar ainda mais mudo naquele momento.


Grasel, por sua vez, continuou imóvel. Só o maxilar apertou um pouco, com o músculo marcando sob a pele.


“Hanzo foi um bom irmão.” Ele disse, do jeito dele: “Me tirava da cama nos treinos de madrugada. Guardava comida. Falava coisas que eu não entendia… mas ele era eficiente!”


Foi o máximo de sentimento que a educação dele permitia passar por palavras.


Lucke fechou os olhos, porque lembrar de Hanzo era lembrar de risadas altas demais para aquele tipo de vida. E, ainda assim, elas tinham existido.


A Trindade ouviu, mas dessa vez, não repreendeu.


Nada de “não se apegue”, nada de “isso enfraquece”. O silêncio deles, ali, era outra forma de direcionar a dor.


Grasel então respirou fundo.


“Deixem Zao Tian pra mim.” Ele pediu. Não como petição emocional, mas como um pedido de tarefa: “Quero matá-lo por Hanzo.”


Rachid sorriu de leve.


“Eu adoraria ver isso.” Ele admitiu: “O sangue dele no chão. O Vale inteiro olhando pro corpo do “herói” quebrado por você…”


Amin girou devagar um anel no dedo, pensando alto, porém, ele teve que ser realista: “Mas não vamos mentir pra você…. Hoje, você não é capaz de matar Zao Tian.”


Samir concluiu, sem crueldade, mas sem anestesia: “Não ainda.”


As palavras entraram direto.


Grasel não explodiu. Não discutiu. Não fez cena.


Só baixou um pouco o queixo.


“Então eu sou um inútil.” Ele constatou.


Na cabeça dele, a equação era simples:


Alvo: Zao Tian.


Função: matar.


Resultado atual: incapaz.


Logo, para esse alvo, eu não sirvo.


E, pra ele, “servir” e “existir” sempre foram quase sinônimos.


Rachid, percebendo isso, apertou o ombro dele com mais força.


“Não confunda “agora” com “sempre”, Grasel.” Ele falou: “Se você fosse inútil, já teria virado peça de laboratório, escravo ou moeda de troca.”


Amin se inclinou um pouco, com o olhar endurecendo.


“Você é quem a gente solta quando quer que um clã deixe de existir.” Ele explicou: “Quando quisermos que uma cidade inteira entenda que o Olho não morreu… quem irá… será você!”


Samir abriu um sorriso curto.


“Zao Tian é outra coisa.” Ele comentou: “É um erro que cresceu demais porque foi ignorado demais. Nem nós calculamos tudo que ele virou. Hoje, ninguém pode garantir que mata ele num confronto limpo. Nem nós. Nem os deuses que fingem que ele é só um detalhe inconveniente.”


Os olhos de Grasel subiram de novo, presos nos três.


“Então… o que eu faço?” Ele perguntou.


Não tinha metáfora no seu tom.


Era só isso: qual é a próxima função?


A resposta veio em coro.


“Você fica mais forte.” Disse Rachid.


“Mais rápido.” Acrescentou Amin.


“Mais bruto.” Concluiu Samir: “Até que “não é capaz” vire uma mentira.”


Logo em seguida, Rachid soltou o ombro e segurou o queixo de Grasel, erguendo o rosto dele até os três estarem no mesmo eixo de visão.


“Nós ainda vamos precisar de você.” Ele afirmou: “O Olho, como eles conheciam, caiu? Caiu. Mas ele sempre foi só uma fachada. O que sobrou é o que importa: nós, você… o que construímos foi apenas para nos servir. Todo o resto era lenha para ser queimada.”


Amin passou o olhar pelo vazio espelhado em volta, como se enxergasse, através dele, mundos demais.


“Os deuses estão quietos demais.” Ele murmurou: “Quando eles param de brincar de tiranos, é porque estão montando alguma coisa grande.”


Samir assentiu.


“Mundos vão tremer.” Ele disse: “E, quando isso acontecer, queremos um monstro nosso, pronto. Um que não chame ninguém lá de cima de “pai”. Só a gente.”


Grasel puxou o ar outra vez.


Os olhos dele flutuaram rápido por Lucke e por Yang Yin.


Hanzo não estava ali.


A Tríade não era mais três linhas paralelas.


Só ele e Lucke tinham sobrado do desenho original.


“Eu vou ficar mais forte.” Ele disse, enfim: “Forte o bastante pra matar Ming Xiao quando vocês mandarem. E, se um dia acharem que eu posso matar Zao Tian… eu vou matá-lo também.”


Rachid sorriu, satisfeito.


“É isso que queremos ouvir.” Ele respondeu.


Amin deu um passo pra trás.


Samir acompanhou, retornando com os irmãos ao centro.


“Descanse.” Ordenou Amin: “Depois, treine. O Domínio está inteiro. Enquanto lá fora eles acham que esmagaram o que a gente era, nós ficamos aqui, olhando pelo espelho e escolhendo o próximo nome da lista.”


Grasel assentiu.


“Sim, pais.” Ele disse.


Mesmo ferido, fisicamente e no orgulho, quando Grasel se levantou, ele parecia uma arma erguida de novo. 


Nada tremia, nada vacilava.


Ao passar por Lucke, ele deixou um aceno mínimo com o queixo.


Foi pouco, mas, ali dentro, aquilo valia mais do que qualquer aperto de mão.


Lucke respondeu com um gesto quase invisível, com os olhos brilhando por um segundo antes de baixar a cabeça de novo.


Yang Yin virou o rosto, enterrando o luto na mesma fúria que o mantinha em pé.


Do lado de fora, em algum ponto da linha do tempo, Zao Tian ainda não fazia ideia de que tinha virado promessa na boca de alguém criado pelos ‘pais’ mais diabólicos do universo.


Ali, no silêncio do Domínio da Miragem Eterna, a decisão já estava tomada…


Grasel só se perdoaria no dia em que a arrancasse, literalmente, as cabeças dos nomes que os “pais” apontavam.


Ming Xiao.


Zao Tian.


E qualquer um que ousasse ficar no caminho deles.




O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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