top of page
Garanta o seu exemplar.png

Capítulo UHL 1128 - Lembranças Terríveis

[Capítulo patrocinado por Alberto Augusto Grasel Neto. Muito obrigado pela contribuição!!! 


ATENÇÃO: LINK ATUALIZADO. Venham fazer parte da nossa comunidade no Telegram! https://t.me/+tuQ4k5fTfgc1YWY5


ATENÇÃO: OS EXEMPLARES FÍSICOS E DIGITAIS DO PRIMEIRO LIVRO DE O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ JÁ ESTÃO DISPONÍVEIS NAS MAIORES LIVRARIAS DO BRASIL E DO MUNDO. APOIE O NOSSO TRABALHO E GARANTA JÁ UM EXEMPLAR TOTALMENTE REESCRITO E REVISADO, E COM TRECHOS INÉDITOS.


Quer ver um mangá de O Último Herdeiro Da Luz? Então, a sua ajuda é muito importante para que possamos alcançar novos limites!


Para patrocinar um capítulo, use a chave PIX: 31988962934, ou acesse https://www.ultimoherdeirodaluz.com/patrocinarcap para outros métodos de pagamento, que podem ser parcelados em até 3x sem juros.


Para ver as artes oficiais da novel, que estão sendo postadas diariamente, siga a página do Facebook https://www.facebook.com/Herdeirodaluz


Ou a página do instagram https://www.instagram.com/herdeirodaluz/


Todas as artes e outras novidades serão postadas nas nossas redes sociais, e vêm muitas outras por aí, então siga as nossas páginas e não perca a chance de mostrar à sua mente qual é o rosto do seu personagem favorito!


Ps: Link do Telegram atualizado!


Tenham uma boa leitura!]


-----------------------


O silêncio depois da pergunta de Hakim não foi natural.


Não era o silêncio de quem não tinha resposta. Era o silêncio de quem não queria dizer em voz alta os pontos que a cabeça tinha acabado de ligar.


Depois disso, Zao Tian ainda trocou mais algumas frases com Anúbis, tentando espremer qualquer coisa útil a mais. O deus, porém, se fechou completamente. Voltou a cuspir ameaças genéricas, maldições jogadas para todos os lados, mas nada de concreto.


Nenhum nome. Nenhum lugar. Nenhum detalhe.


Só ódio.


Em algum ponto, Zao Tian decidiu que já tinha visto esse teatro antes.


"Basta." Ele disse, enfim.


A palavra atravessou o som dos gemidos, o cheiro de sangue, o tremor do ar dentro da matriz.


"Ele não vai falar mais nada que preste."


Yan Chihuo apertou a mandíbula.


"Então acabou?" Ele perguntou.


Zao Tian assentiu, sem tirar os olhos de Anúbis.


"Foi você quem parou ele primeiro." Ele lembrou: "Se quiser fazer as honras… o palco é seu."


Yan Chihuo ficou um segundo em silêncio.


Não havia glória ali. Não era um duelo. Era apenas descarte de material perigoso.


"Abre um ponto na matriz." Ele pediu: "Só o bastante pra eu atravessar."


Zao Tian fechou os olhos por um instante, reajustando a estrutura.


Um recorte quase imperceptível se abriu na parede translúcida: um corredor estreito de espaço “neutro”, por onde algo de fora poderia entrar sem ser triturado pelo filtro.


Yan Chihuo deu um passo à frente.


A temperatura ao redor dele caiu drasticamente, e uma flecha se formou entre seus dedos.


"Alguma última palavra útil?" Yan Chihuo perguntou, sem ironia.


Anúbis riu, rouco.


"Vocês vão implorar por mim quando o resto chegar." Ele sussurrou.


Yan Chihuo apenas deu de ombros e respondeu: "Então vamos antecipar a fila."


Assim que terminou de falar, Yan Chihuo disparou a flecha direto no crânio de Anubis, que tombou para trás com um enorme buraco na cabeça.


Anúbis ainda tentou puxar ar uma última vez, talvez pra mais uma praga. Mas nada saiu.


Os olhos opacos racharam junto com o resto do seu corpo.


Em menos tempo do que um humano comum levaria para desmaiar, o Grande Deus virou um cadáver quebradiço… e então espatifou.


Yan Chihuo recolheu a mão, fechando os dedos como se guardasse flechas em uma aljava.


"Pronto." Ele disse.


Dentro da mente de Zao Tian, Gold apenas comentou: "Um a menos."


Ninguém respondeu.


A morte de um deus daquele nível devia ter provocado alguma coisa no tecido do mundo, alguma ressonância. Mas ali, cercados pela matriz, eles só tinham a impressão de ter apagado uma ameaça… e nada mais.


Zao Tian desmontou a estrutura devagar, camada por camada, até a luz desaparecer por completo.


Só então ele se virou para o grupo.


"Agora podemos falar do que importa." Ele anunciou.


Os olhares, porém, não foram para ele.


Foram para Hakim.


Desde o momento em que Anúbis tinha falado "Sábio", o rei de Gard não tinha voltado ao normal. Nem na postura, nem no jeito de respirar.


Yang Hao cruzou os braços.


"Chega de fingir." Ele disse, direto: "Você travou quando ouviu aquele nome. Depois mentiu mal pra caramba dizendo que não reconhecia o título."


Hakim abriu a boca, fechou.


Daren completou: "Se esse tal Sábio é problema só deles, ótimo. Mas se tem qualquer chance disso bater em algo que você conhece… eu quero saber agora."


Ming Xiao, mais contido, apenas falou: "Você está reagindo como alguém que viu um fantasma. Se esse fantasma tem vínculo com os deuses, precisamos entender a forma."


Hakim ficou alguns segundos calado.


Agora, com Anúbis reduzido a nada, não havia risco do deus sair dali correndo para avisar o resto do panteão sobre o que eles sabiam, ou achavam que sabiam.


Talvez por isso, talvez porque a palavra estivesse queimando demais por dentro, ele finalmente suspirou.


"Tá bom." Ele disse: "Vocês querem a história? Eu darei a versão resumida."


Ele olhou para o chão por um instante, como se procurasse um ponto fixo.


"Quando eu fui para a Singularidade pela primeira vez, eu fui parar, por minha própria vontade, numa masmorra. Debaixo de um palácio que não deveria existir em nenhuma linha de tempo normal."


Yang Hao e Daren já tinham ouvido pedaços dessa história, mas nunca assim.


"O dono desse palácio era o rei mais irritantemente lúcido que eu já vi." Hakim continuou: "O ser mais sábio que o universo teve a pachorra de produzir. Ele se chamava Rei Salomão."


O nome ficou solto no ar por alguns segundos.


"Ele não era deus, nem humano." Hakim disse: "Era outra coisa. Um tipo de criatura que o universo finge que não reconhece, mas deixa existindo mesmo assim. E eu fui… treinado por ele. Por séculos, dentro da Singularidade. Ele me quebrou e montou de novo umas cem vezes. Me ensinou a ser rei, antes de me ensinar a ser um cultivador."


Zao Tian ouviu em silêncio.


"Foi ele quem te ensinou aquelas reformas em Gard?" Ming Xiao perguntou.


"Quase todas." Hakim confirmou: "A forma de olhar pro povo, a maneira de usar tecnologia para quebrar o monopólio dos cultivadores, o jeito de fazer um reino andar sem ficar ajoelhado para ninguém… tudo isso começou com ele."


Ele respirou fundo.


"E foi ele também que me contou o que ele era."


Yan Chihuo inclinou um pouco a cabeça.


"E o que ele era?" Ele perguntou.


Hakim demorou um segundo, como se testasse a palavra antes de soltar.


"Um Aasimar." Ele disse.


A palavra só significava algo para Zao Tian e Ming Xiao, que ouviram falar sobre um tal projeto Aasimar quando estavam na SIngularidade. Contudo, apesar de olharem um para o outro, eles deixaram Hakim prosseguir sem interferir.


"Antes de vocês nascerem, antes da Grande Guerra, os deuses tinham um problema." Hakim continuou: "Eles se devoravam. Literalmente. Para crescer. Para virar monstros cada vez maiores."


Ele ergueu dois dedos.


"Eles eram grandes demais para morrer fácil… mas não grandes o bastante para obedecer regras."


Zao Tian fez um leve movimento de cabeça.


"Isso bate com o que vimos." Ele admitiu: "Canibalismo entre gerações, ordens de Odin para limpar a própria casa."


"Para tentar resolver essa porcaria…" Hakim prosseguiu: "Dois gênios doentes tiveram uma ideia: em vez de um deus comer outro deus direto, por que não criar uma coisa no meio do caminho?"


Ele ergueu o olhar, encarando Zao Tian, Ming Xiao, qualquer um que entendesse de engenharia genética.


"Prometheus, o deus com o Dom da Genética, e o primeiro Heimdall." Hakim descreveu: "Eles pegaram fragmentos, conceitos, padrões… e começaram a “plantar” gente que não era gente. Criaturas que nasciam com poder fixo, já definido desde o início, sem chance de evolução. Totalmente aleatórios, e com características completamente aleatórias, independente de quem fosse pai ou mãe."


Ele deu um meio sorriso amargo.


"Você podia juntar uma quimera com um dragão e o filho sair com corpo de inseto. O universo não tinha como encaixar aquilo na própria tabela. Era… um ruído. Um ruído poderoso."


Zao Tian entendeu rápido.


"Então os deuses pararam de comer uns aos outros…" Ele concluiu: "Para comer isso."


Hakim assentiu.


"Salomão foi o primeiro desses." Ele disse: "O protótipo. O Rei Sábio. O… pai. Todos os outros Aasimares vieram depois, com ele ajudando a ‘guiar’ esse plantio. Educando. Cuidando. Preparando."


Yan Chihuo franziu a testa.


"E entregando." Ele percebeu.


Hakim fechou a mão.


"É." Ele confirmou, com a voz mais baixa: "Quando os deuses queriam ‘crescer’, eles não precisavam mais arrancar pedaços um do outro. Era só mandar buscar alguns Aasimares. O ‘rebanho especial’. Salomão não comia ninguém. Ele só era uma peça presa no meio de tudo: quem gerava, quem ensinava, quem via filho atrás de filho ser chamado na porta e não voltar mais."


O silêncio engoliu o grupo por alguns instantes.


"Ele te contou isso?" Zao Tian perguntou.


"Eu ouvi da boca dele." Hakim garantiu: "Sem drama. Sem choro. Como quem lê o relatório de uma colheita."


Ming Xiao pensou em voz alta:


"O universo não reconhece os Aasimares… mas deixa passar porque, vistos de longe, parecem só aberrações isoladas. Enquanto isso, para o panteão, eles viram estoque de poder."


Hakim assentiu de novo.


"Antes da Grande Guerra…" Ele continuou: "Todo mundo que sabia dessa história achava que o ‘rebanho’ tinha sido gasto. Que, na preparação para o conflito, os deuses tinham limpado o estoque. Que nenhum Aasimar tinha sobrado… nem Salomão. Todo mundo engolido, triturado, transformado em poder bruto para aquela porcaria de guerra."


Yan Chihuo cruzou os braços.


"E você acreditou nisso." Ele constatou.


"Até hoje de manhã, sim." Hakim respondeu, sincero.


Ele então olhou para o lugar onde Anúbis tinha virado pó.


"Quando esse desgraçado abriu a boca e soltou um ‘Sábio’ no meio do discurso…" Hakim falou: "Eu ouvi o título que Salomão sempre recusou usar."


Yang Hao arqueou a sobrancelha.


"Recusou?" Ele perguntou.


"Ele detestava ser chamado assim." Hakim explicou: "Dizia que um rei que acredita na própria sabedoria vira tirano rápido demais. Que o universo já tinha sábios demais falhando em coisas simples."


Ele torceu um pouco a boca.


"Mas esse era o jeito como os deuses se referiam a ele quando não estavam na frente dele…" Hakim acrescentou: "O cozinheiro."


Zao Tian ligou os pontos.


"Se o ‘Sábio’ que os deuses alimentam hoje for o mesmo Rei Salomão…" Ele começou, já fazendo inúmeras teorias ruins na cabeça.


"Então eu errei muito feio ao achar que os Aasimares tinham acabado." Hakim completou.


Depois, ele passou a mão no rosto, como se a própria ideia o enojasse.


"Se ele ainda estiver vivo…" Hakim disse, devagar: "E ainda estiver gerando esses seres… então os deuses não só têm um rebanho de poder… ele têm um rebanho inesgotável. Eles podem estar se fortalecendo numa curva que a gente nem começou a calcular."


Yan Chihuo, por instinto, recostou o peso numa perna só.


"Isso explicaria a calma e o sumiço deles." Ele murmurou: "Eles recuam, se trancam, mandam um ou outro fanático testando o terreno… enquanto vão enchendo o tanque em outro lugar."


Enquanto escutava, Daren olhava para Hakim como se medisse mais do que as palavras. Ele estava ouvindo o passado se repetir.


"E por que você nunca falou disso antes?" Ele perguntou: "Nem pra mim, nem pra ninguém?"


Hakim deu uma risada curta, sem graça.


"Porque, até hoje, era uma história morta." Ele respondeu: "Uma marca num universo que já tinha cicatrizes demais. Eu achei que, se Salomão tivesse vivido, eu teria visto algum sinal disso. Algum rastro. Achei que os deuses não iam conseguir esconder algo tão grande por tanto tempo."


Ele balançou a cabeça.


"Mas se Anúbis estava falando dele…" Hakim continuou: "Então alguém conseguiu esconder. E muito bem."


Zao Tian, por sua vez, ficou em silêncio por um bom tempo.


Dentro da mente dele, Gold fez o único comentário que parecia adequado:


"Se esse Sábio for mesmo quem ele acha que é…" A voz disse, fria: "Então os seus problemas estão ficando cada vez maiores e cada vez mais perto da sua porta."




O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
bottom of page