Capítulo UHL 1144 - O Caminho da Paz
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No salão, o fluxo de comitivas começava a se mover com os reféns.
Alguns líderes saíam do salão sem olhar para trás, como se a simples permanência ali por mais um minuto fosse admitir que tinham cedido demais.
Outros permaneciam perto das paredes, reunindo seus próprios, medindo quem ainda estava de pé, quem parecia fraco, quem poderia ser cobrado depois.
Reféns começavam a ser conduzidos em grupos pequenos, sempre cercados por guardas, sempre sob olhares que não tinham nada de piedade.
O tratado estava consolidado, mas a paz ainda era uma palavra sem força.
Zao Tian permaneceu onde estava por mais tempo do que a maioria.
Ele observava o salão se esvaziando, observava o jeito como alguns orcs evitavam cruzar com certos krovackianos, observava o modo como os krovackianos se alinhavam como se qualquer descuido fosse uma emboscada.
E, acima de tudo, observava o que ninguém ali gostava de admitir.
Que, mesmo com tudo assinado, bastava um refém morrer para o universo inteiro voltar ao padrão.
Shara’Kala ficou ao lado dele, e a quietude dela era quase irreconhecível para quem a conhecia.
Ela ainda estava com a pergunta martelando dentro do crânio, como se tivesse sido gravada.
“Qual é o teto do Zao Tian?”
Ela tinha visto força. Tinha visto inteligência. Mas aquilo ali era outra coisa.
Era alguém que conseguia controlar o próprio impulso mesmo depois de ameaçar exterminar mundos.
Zao Rei, por sua vez, ainda parecia ouvir os insultos ecoando na madeira e no metal do salão.
Ele não tinha retrucado. Não tinha se mexido. E, ao mesmo tempo, sentia como se tivesse envelhecido anos em uma manhã.
Ele então olhou para o irmão e percebeu que, desde que entraram ali, Zao Tian não tinha mudado o peso do próprio corpo nem uma única vez.
Nem quando ameaçaram.
Nem quando gritaram.
Nem quando levantaram para brigar.
Nem quando ele partiu a mesa.
E aquela estabilidade era, para Zao Rei, mais assustadora do que qualquer soco.
Foi nesse momento que uma presença voltou a ocupar o centro do salão…
A maioria já tinha se afastado o suficiente para abrir espaço sem perceber.
Um grupo krovackiano avançou em linha, como se estivesse atravessando um corredor de inimigos invisíveis.
No meio deles, Vargan’Zul caminhava sem pressa.
Não era o caminhar de alguém indo negociar.
Era o caminhar de alguém indo cumprir uma parte da própria sentença.
Zao Tian percebeu antes de qualquer um.
Não pelo barulho dos passos, mas pelo jeito como o salão pareceu endurecer ao redor da comitiva.
Até orcs que tinham passado o dia inteiro buscando briga ficaram calados quando Vargan’Zul atravessou.
E, ao lado dele, vinha um garoto.
Ele tinha cerca de um século de idade, e, ainda assim, era um garoto na lógica daquele povo, daquela realidade.
A semelhança com Vargan’Zul era clara demais para ser coincidência.
O mesmo tipo de olhar que não pedia desculpa por existir.
A mesma rigidez no maxilar, como se a mordida estivesse sempre pronta.
Mas havia uma diferença que entregava tudo.
O garoto estava tentando se manter firme e falhando em pequenos detalhes.
No jeito como o peito subia rápido demais; No jeito como a mão fechava e abria, como se procurasse uma arma que não estava ali; No jeito como ele olhava para o pai e depois desviava, com medo de demonstrar o que sentia.
Vargan’Zul parou a poucos passos de Zao Tian.
Por um instante, ele não disse nada.
Apenas olhou.
E aquele olhar era um conflito inteiro comprimido.
Porque ele tinha passado o dia tentando transformar Zao Tian em um inimigo perfeito.
Um tirano.
Um louco.
Um humano orgulhoso que precisava morrer.
Agora, ele estava ali para entregar algo que nem todo chefe krovackiano teria coragem de entregar.
O filho mais novo.
Vargan’Zul baixou o queixo na direção do garoto, num gesto mínimo.
O tipo de gesto que, para quem conhecia liderança, significava “fica”.
Só que ele não podia ficar.
Ele moveu a mão e encostou no ombro do filho.
Não foi um carinho explícito. Foi a forma mais controlada de afeto que um homem como ele conseguia permitir diante de tantos olhos.
A sua voz saiu baixa, como se ele odiasse o fato de ter que falar: “Você vai lembrar do que eu te disse.”
O garoto assentiu, sem encarar o pai por mais do que um segundo: “Vou.”
Vargan’Zul respirou fundo e aproximou o rosto do filho, rápido o suficiente para que poucos percebessem que aquilo tinha sido uma despedida.
“Não humilhe nosso sangue.” Vargan’Zul disse.
“Eu não vou.” O filho respondeu.
“Não se ajoelhe.” Vargan’Zul disse.
“Eu não vou.” O FIlho respondeu.
Então, veio um silêncio curto.
O tipo de silêncio que não consegue ser preenchido por nada.
E logo em seguida, Vargan’Zul empurrou o filho de leve para a frente.
Um empurrão controlado, mas carregado de significado, como se estivesse entregando um pedaço de si e se odiando por isso.
Ele tentou esconder o abalo com a cara fechada, mas, por um instante, a tristeza apareceu sob a rigidez, como uma rachadura.
Zao Tian permaneceu calado até o garoto parar diante dele.
Ele não se moveu rápido.
Não fez espetáculo.
Apenas olhou para o garoto como olharia para qualquer vida que cai sob a responsabilidade dele.
E, quando ele falou, foi simples: “Qual é o seu nome?”
O garoto engoliu seco.
Depois, a voz dele saiu firme, mas com uma tensão clara: “Rhazek’Zul.”
Zao Tian assentiu, e logo em seguida estendeu a mão.
“Meu nome é Zao Tian.” Ele se apresentou.
Rhazek’Zul olhou para a mão como se aquilo fosse uma armadilha.
Depois olhou para o pai, e viu Vargan’Zul parado, imóvel, observando como se a dignidade dele dependesse daquele gesto não virar uma humilhação.
Rhazek’Zul então apertou a mão de Zao Tian.
O aperto foi firme, mas não agressivo.
Zao Tian não reagiu. Apenas segurou e soltou.
“Você não precisa ter medo.” Zao Tian disse.
Rhazek’Zul piscou, confuso.
A frase parecia errada naquele cenário.
Zao Tian continuou, mantendo a mesma calma que tinha estrangulado o salão minutos antes.
“Você não precisa ficar nervoso.” Ele disse: “Você vai ser bem tratado em Decarius.”
O garoto ficou imóvel.
Vargan’Zul não conseguiu esconder a confusão por completo.
Ele franziu o cenho e, por um instante, o ódio nele pareceu procurar um lugar onde se apoiar.
“Bem tratado…” Vargan’Zul repetiu, como se testasse a palavra.
Zao Tian assentiu.
“Você terá acomodações adequadas.” Zao Tian disse a Rhazek’Zul: “Tudo o que precisar para viver com dignidade enquanto estiver sob minha custódia, será dado.”
Rhazek’Zul não sabia como reagir. Ele estava preparado para uma cela, humilhação, correntes e até fome.
Estava preparado para ser um troféu.
Zao Tian, entretanto, inclinou o queixo, como se antecipasse o pensamento.
“E, se você quiser treinar…” Ele acrescentou: “Você poderá.”
A mudança no rosto de Vargan’Zul foi imediata.
Não foi raiva. Foi espanto, atravessado por um tipo de incredulidade que ele tentou mascarar.
“Você está falando sério?” Vargan’Zul perguntou. E a voz dele saiu mais baixa do que o usual.
“Você vai permitir que o filho de um inimigo…” Ele disse, e a palavra “inimigo” pareceu prender na garganta: “Que marchou para destruir sua raça… treine enquanto estiver entre humanos?”
Zao Tian não piscou ao responder: “Sim.”
A resposta veio simples demais para caber em tanta história.
Vargan’Zul ficou alguns segundos sem falar.
Rhazek’Zul olhou para o pai, procurando instrução, mas o pai não tinha instrução para aquilo.
Zao Tian continuou, sem pressa.
“Apesar do termo ‘refém’ que nós usamos…” Ele disse: “Rhazek’Zul não estará em cativeiro sob minha custódia.”
Um murmúrio distante começou, vindo de algumas comitivas que ainda estavam próximas.
Orcs e krovackianos ouviram e trocaram olhares desconfiados.
Zao Tian ignorou.
“Ele estará sob vigilância.” Zao Tian afirmou, sem mentir: “E haverá regras de segurança. Mas não será nem de longe uma jaula.”
Vargan’Zul apertou os dentes e inevitavelmente perguntou: “Por quê?”
Zao Tian olhou para ele e foi bastante direto em sua resposta: “Porque eu não preciso de crueldade para provar que eu posso cumprir um acordo.”
Vargan’Zul abriu a boca, fechou, e desviou o olhar por meio segundo como se aquilo tivesse atingido um lugar que ele detestava reconhecer.
Zao Tian então colocou a segunda lâmina de bondade, que era ainda mais difícil de engolir.
“Além disso…” Ele disse: “Você e seus familiares poderão visitar Rhazek’Zul quando quiserem.”
Rhazek’Zul arregalou os olhos.
Vargan’Zul também.
Zao Tian, porém, levantou a mão, antes que interpretassem como uma permissão total.
“Desde que aceitem as condições de segurança que eu vou impor.” Ele completou: “Eu vou garantir, pessoalmente, que ninguém vai usar uma visita como pretexto para violência ou infiltração.”
O silêncio que veio depois parecia um vazio.
Não um vazio confortável, mas um vazio de quem não tem resposta pronta.
Vargan’Zul ficou sem palavras.
Isso, por si só, era quase inacreditável para qualquer um que conhecia o chefe.
Ele tinha esperado um humano rancoroso.
Um humano que quisesse humilhar.
Um humano que desejasse cobrar sangue.
E o que recebeu foi… uma lógica que não era do povo dele.
Vargan’Zul falou, mas a voz dele saiu diferente.
Saiu carregando a dificuldade de admitir qualquer coisa.
“Eu…” Ele começou. Depois tentou de novo, mais duro, como se endurecer a frase fosse preservar a honra: “Eu não esperava isso de um humano.”
Zao Tian não sorriu.
Não se orgulhou.
Não usou aquilo como uma vitória moral.
“Eu não estou fazendo isso porque você merece.” Zao Tian respondeu, e havia uma honestidade crua nisso: “Eu estou fazendo porque eu sei o que é família.”
Vargan’Zul ficou imóvel.
Shara’Kala observou aquela troca com um choque silencioso.
Ela conhecia Vargan’Zul pelo rastro de guerra. E nunca tinha visto aquele homem procurar palavras.
Zao Tian então virou o rosto, e olhou para Zargoth, que ainda estava ali, acompanhando o movimento com a atenção de quem sabia que qualquer detalhe podia virar um incidente.
“Zargoth.”
O khan ergueu o queixo.
“Fale.”
Zao Tian apontou, sem teatralizar, na direção onde Zao Rei estava.
O irmão, ao ouvir o próprio nome sendo colocado no centro daquele tipo de conversa, ficou rígido de novo.
“Ele não tem cultivo.” Zao Tian disse, sem pedir desculpas por isso.
Alguns rostos se mexeram ao fundo, como se estivessem esperando a frase virar um motivo para deboche.
Mas ninguém ousou interromper.
“Mesmo assim…” Zao Tian continuou: “Ele é o maior tesouro que eu possuo.”
Zao Rei engoliu seco.
Ele não sabia onde enfiar as mãos. Não sabia como respirar sem parecer fraco.
Zao Tian, por sua vez, prosseguiu, com a firmeza de alguém que estava dizendo uma verdade muito pessoal: “Família, para mim, é tudo!”
Ele olhou de volta para Zargoth.
“Se você cuidar bem de Zao Rei…” Ele disse: “Como eu cuidarei do filho de Vargan’Zul… você terá uma dívida eterna minha.”
Aquela frase caiu como uma pedra, porque aquilo não era ameaça. Era algo mais perigoso.
Era um compromisso.
Era gratidão prometida por alguém que todo mundo, minutos antes, chamou de louco.
Zargoth respirou fundo.
O salão tinha começado com o pé esquerdo. Tinha passado por insultos, ameaças, mesa quebrada e um tratado firmado por medo.
Agora, sem que ele esperasse, estava recebendo uma proposta de vínculo pessoal.
Zargoth respondeu, e a voz dele não tinha suavidade excessiva.
Tinha uma espécie de honra pragmática.
“Nós começamos com o pé esquerdo.” Zargoth disse: “Mas isso não significa que eu seja um animal sem palavra.”
Ele inclinou o queixo para Zao Rei.
“Ele será bem tratado.” Zargoth afirmou: “E você poderá visitá-lo.”
A oferta era grande. E justamente por isso ela não era simples de aceitar.
Zao Tian, sabendo de tudo o que envolvia aquela troca, não se deixou levar.
Ele negou com cabeça, e negou com inteligência.
“Ainda não é o momento.” Ele disse.
Zargoth franziu o cenho, mas não interrompeu.
Zao Tian continuou.
“A desconfiança dos orcs e dos krovackianos com a humanidade ainda é muito forte.” Ele disse: “Se eu começar a ir e vir agora, mesmo com o acordo, alguns vão interpretar como provocação, outros como fraqueza, e outros como uma tentativa de encontrar oportunidades.”
Ele fez uma pausa curta.
“Quando as coisas começarem a se encaixar…” Ele concluiu: “Eu ficarei grato se a proposta ainda estiver de pé.”
Zargoth sustentou o olhar e respondeu: “Estará.”
Zao Tian assentiu. E então, como se lembrasse de um detalhe que só ele parecia carregar com nitidez naquele lugar, ele acrescentou: “A esposa dele também ficará grata.”
Zao Rei fechou os olhos por um instante, rápido, como se aquela frase tivesse colocado o lar dele, de volta, na garganta.
Zargoth e Vargan’Zul ficaram perplexos.
Não pela esposa, mas pelo que a frase indicava.
Zao Tian estava colocando o objetivo acima do próprio conforto.
Acima do próprio controle.
Ele estava aceitando a distância do irmão pela missão. E aquilo não combinava com a imagem do tirano que eles tinham construído.
Vargan’Zul olhou para Zao Tian como se estivesse vendo outro homem.
Os olhos dele estavam cheios de perguntas, e nenhuma delas era fácil de fazer sem parecer fraco.
Shara’Kala percebeu a mesma coisa.
Aquele ultimato, aquela ameaça, aquela mesa quebrada…
Tudo isso tinha pintado Zao Tian como uma lâmina afiada.
Agora, ele estava mostrando a bainha que protege os outros do fio.
E era exatamente isso que desmontava as caricaturas.
Vargan’Zul finalmente falou de novo, mas a voz dele saiu mais baixa ainda, e pesada.
“Se o meu filho estiver… em qualquer risco…” Ele disse, com o tom tentando voltar a ser ameaça, mas falhou no meio: “Eu…”
Zao Tian não deixou a frase se completar.
“Eu sei.” Ele respondeu: “E eu também sei o que eu faria se tocassem no meu irmão.”
Um silêncio novo surgiu. Dessa vez, um silêncio de entendimento entre inimigos.
Zao Tian então virou para Rhazek’Zul.
“Você quer treinar?” Ele perguntou, direto, sem jogos.
Rhazek’Zul hesitou.
Ele olhou para o pai. E Vargan’Zul não respondeu com palavras, mas assentiu uma vez.
Era a permissão mais honesta que ele conseguia dar.
Rhazek’Zul então olhou para Zao Tian e respondeu: “Eu quero.”
Zao Tian assentiu.
“Então você vai treinar.” Ele disse: “E vai voltar para o seu povo mais forte do que chegou.”
Vargan’Zul apertou a mandíbula, como se aquilo tivesse gosto ruim.
“Por quê?” Ele insistiu, quase num rosnado, mais para si do que para o outro: “Por que fazer um inimigo mais forte?”
Zao Tian encarou o chefe krovackiano.
“Porque se vocês quebrarem o acordo…” Ele disse: “Eu prefiro que vocês quebrem tendo vivido como gente antes.”
A frase não era doce. Era um golpe moral frio.
E, ainda assim, era estranhamente humana.
Vargan’Zul ficou sem resposta outra vez.
Ele olhou para o filho.
O filho olhou de volta.
Havia medo.
Havia orgulho.
Havia dor.
E havia uma coisa que Vargan’Zul odiou sentir naquele instante.
Alívio.
Não pela entrega, mas por saber que, apesar de tudo, Rhazek’Zul não estava sendo levado para uma masmorra.
Depois de dizer o que precisava ser dito, Zao Tian se virou, dando um passo lateral, sinalizando o caminho como quem não sequestra, mas conduz.
“Vamos sair daqui.” Ele disse para Rhazek’Zul: “O resto dos detalhes será tratado com calma.”
Ele então olhou para Zargoth, e a frase foi simples, como um prego que fixa a lembrança: “Cuide dele.”
Zargoth assentiu: “Eu cuidarei.”
Zao Tian assentiu de volta. E, por um instante, o salão pareceu menor.
Não porque a tensão sumiu, mas porque alguma coisa tinha mudado de lugar.
Zao Rei observou aquilo com os olhos ardendo.
Ele não tinha cultivo.
Não tinha força.
Não tinha como influenciar nada ali com os punhos, porém, ele estava vendo o irmão transformar inimigos em participantes de um plano maior, usando algo que nenhum deles esperava de um humano.
Contenção; Responsabilidade; Família.
E, enquanto saíam, Shara’Kala olhou para Zao Tian mais uma vez.
A pergunta ainda estava ali, mas agora vinha acompanhada de outra sensação, tão perigosa quanto.
Esperança.
Não aquela esperança ingênua, que pinta o mundo de cores falsas.
A esperança lúcida, que sabe que o inferno continua existindo… mas entende que, às vezes, um homem só é capaz de fazer o inferno ficar em silêncio por tempo suficiente para que algo novo seja construído.
E, naquele dia, no coração de Uhr’Gal, o impossível não tinha virado paz, mas tinha virado um caminho para chegar nela.
