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Capítulo UHL 1146 - Um Novo Tipo de Tensão

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Tenham uma boa leitura!]


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O retorno de Zao Tian para o Vale da Esperança não teve comemoração. Teve apenas a continuidade dos trabalhos.


Mesmo com a mente ainda grudada em Uhr’Gal e no lugar vazio que o irmão deixava, ele voltou para o mesmo ritmo em que Decarius vinha respirando nos últimos tempos: trabalho, guerra e decisões que não respeitavam descanso.


Quando ele cruzou o domo e se afastou da propriedade onde Rhazek’Zul permaneceria, ele não procurou discursos. Procurou gente.


O ponto de encontro foi simples, em uma clareira discreta, longe do centro do Vale, onde o barulho de treino e organização não abafava uma conversa importante.


Nallrian já aguardava.


Yan Chihuo também.


E, com eles, Ye Yang, Gins e Kyon chegaram logo em seguida, com a mesma postura de quem já sabia que aquela reunião seria difícil mesmo antes de pisar no mundo elfo.


Zao Tian não precisou gastar tempo explicando o motivo.


Todos ali já conheciam.


Nallrian foi a primeira a falar, direta, porque a situação não permitia enrolação.


"Se conseguirmos um acordo com eles, não vai ser um acordo comum."


Ela olhou para Zao Tian como quem avisa algo que já viu acontecer mais de uma vez.


"Vai terminar em casamento."


Gins soltou um som curto, sem graça, não por achar engraçado, mas porque, naquele mundo, a palavra casamento podia soar leve demais perto do tipo de coisa que eles chamavam de tratado.


Kyon não disse nada, mas o olhar dele se moveu, medindo a reação de Zao Tian como se tentasse entender o quanto aquilo já tinha sido decidido antes de virar uma frase.


Zao Tian respondeu com a voz baixa, sem negar e sem confirmar demais: "Eu sei."


Yan Chihuo então adiantou um passo, assumindo o centro com uma naturalidade que só alguém muito decidido tinha.


"Essa decisão não vai cair em cima dele." Ele avisou.


Ele disse isso sem olhar para Zao Tian como quem busca aprovação, e sim como quem reforça um pacto já feito: "Se eles exigirem esse tipo de garantia, eu assumo."


Ye Yang ergueu o queixo, e a primeira reação que apareceu nele foi surpresa e de uma concordância tácita: "Isso vai reduzir a resistência interna."


Ele não disse em tom de manipulação, disse como quem lê um cenário com clareza.


"Um casamento não é só um símbolo para eles. É um cadeado."


Nallrian assentiu: "E um cadeado que eles sabem usar."


Yan Chihuo manteve o olhar firme.


"Eu sei o que estou fazendo." Ele respirou fundo, e a frase seguinte veio com um peso mais pessoal: "Eu escolhi isso."


Zao Tian não contestou. Se ele abrisse a boca para discutir agora, a conversa viraria outra coisa: culpa, dívida, orgulho. E nada disso ajudaria naquele momento.


O tratado com os orcs e krovackianos já tinha provado uma coisa.


O mundo era grande demais para ser salvo apenas com palavras bonitas.


Kyon falou pela primeira vez, calmo: "E se eles exigirem que a noiva seja humana e o noivo seja elfo? Se eles inverterem isso para marcar hierarquia?"


Nallrian respondeu sem hesitar: "Eles vão tentar marcar hierarquia de qualquer forma."


Depois, ela olhou para Zao Tian: "A diferença é que, se formos preparados, a gente escolhe onde cede, e onde não cede."


Zao Tian assentiu: "E a gente não cede no que vira um risco para Decarius."


Yan Chihuo concordou: "Eu não vou aceitar nada que vire uma coleira."


Gins cruzou os braços, e a frase veio com o tipo de realismo que ele sempre trazia: "Então a gente vai ter que falar com elfos que têm orgulho suficiente para chamar coleiras de aliança."


Antes que alguém respondesse, uma presença entrou no domo com pressa.


Não foi com alarde. Foi urgência.


Raya apareceu como se tivesse correndo contra o próprio tempo.


Ela não pediu licença.


Ela já chegou falando, atropelando o ar.


"Eu vou com vocês."


Zao Tian virou o rosto devagar, como quem já sabia que aquilo não era um pedido.


"Não."


Raya deu um passo a mais, e a voz dela saiu mais cortante: "Eu não estou aqui para pedir."


Nallrian franziu o cenho: "Raya…"


Raya cortou sem olhar para ela: "Não."


A palavra saiu de forma espontânea.


Depois, ela apontou, como se fosse o assunto mais óbvio do universo: "Eu já sei como isso funciona."


Ye Yang respirou, tentando entender onde aquilo ia parar: "Como o quê funciona?"


Raya respondeu como se a resposta já existisse fazia séculos: "Um tratado que termina em casamento…"


Ela olhou para Zao Tian com um tipo de suspeita que não combinava com a confiança que ela já tinha demonstrado em outras situações: "Eu não vou deixar vocês entregarem o meu tigrinho."


O silêncio que veio foi curto, mas denso.


Gins piscou uma vez, como se estivesse decidindo se aquilo era sério.


Kyon desviou o olhar por meio segundo, sem saber se ria ou se se irritava.


Nallrian respondeu, paciente, como quem fala com alguém que está se agarrando no pior cenário: "Gu Ren nem está aqui."


Raya apertou a mandíbula: "Isso não prova nada!"


Zao Tian não mudou o tom e explicou: "Ele está em campo."


Raya, porém, não cedeu: "Vocês podem pegar ele no caminho."


Ye Yang soltou ar, e a frase veio com um corte simples: "Você está acusando a gente de vender aliado?"


Raya ignorou a forma como aquilo soava e respondeu: "Eu estou dizendo que eu não vou ser enganada."


Nallrian tentou de novo, agora mais firme: "Você está sendo paranoica."


Raya virou o rosto para ela, e a resposta veio na mesma hora: "Eu estou viva."


Depois, ela voltou o olhar para Zao Tian e avisou: "Eu vou!"


Zao Tian ficou alguns segundos em silêncio, medindo as consequências.


Mesmo que ele insistisse demais, ela iria do mesmo jeito.


Se ele a deixasse ir sem regra, ela poderia virar um problema no primeiro olhar torto de um elfo.


Então ele fez o que sempre fazia…


Transformou tudo em um protocolo.


"Você vai." Ele disse.


Raya abriu a boca para responder, mas Zao Tian levantou a mão.


"Mas você vai sob condições."


Raya estreitou o olhar.


"Condições?" Ela perguntou.


"Você não vai ameaçar ninguém antes de eu falar." Ele avisou.


Raya soltou um som curto, ofendida só pela ideia: "Eu não ameaço por esporte."


Zao Tian seguiu: "Você não vai abrir um conflito dentro do mundo deles."


Raya deu um passo como se fosse rebater, mas se segurou.


Zao Tian então concluiu, olhando firme para ela: "E você não vai tocar em assunto de casamento para forçar a narrativa. Quem decide isso é a negociação. Não a sua ansiedade."


Raya respirou forte, e a resposta veio irredutível do jeito que tinha que ser, para ela não se quebrar: "Eu vou com vocês. E eu vou ver com os meus olhos."


Zao Tian assentiu e finalizou a discussão: "Então vamos."


A partida deles não teve desfile.


Não teve anúncio.


Não teve preparo teatral.


O grupo se alinhou, e a realidade cedeu quando Zao Tian abriu a fenda.


A passagem foi rápida, mas longa o suficiente para Raya continuar lançando olhares como se Gu Ren pudesse estar escondido no próprio ar.


Rhazek’Zul não estava com eles.


Ele ficara no Vale, sob o teto comum, com Íxion e com as regras que ainda precisavam ser aceitas pelo povo.


Essa reunião era outra frente.


E cada frente exigia foco completo.


Quando atravessaram, o mundo elfo os recebeu com ordem.


Não uma ordem agressiva, mas uma ordem que parecia antiga.


O ponto de chegada era um espaço amplo, livre de obstáculos, como se tivesse sido escolhido não por beleza, mas por controle.


Havia formações no chão, discretas, não para decorar, mas para marcar limite e orientar fluxo, como um protocolo de entrada estabelecido há muito tempo.


E havia uma recepção à espera deles.


Um grupo de elfos os aguardava, com posições bem definidas, sem aquela ansiedade desorganizada que costuma vir de quem teme um visitante.


Eles pareciam prontos para receber. E também pareciam prontos para reagir.


Um deles, no centro, adiantou-se com a calma de alguém que não precisava provar que era importante.


Ele falou com uma cordialidade muito formal: "Zao Tian."


A pronúncia foi limpa, sem desprezo.


"Bem-vindos ao nosso mundo. Eu sou Aelthandor."


Yan Chihuo inclinou o queixo, respeitoso, sem submissão.


Nallrian fez o mesmo.


Kyon e Gins permaneceram atentos.


Ye Yang ficou quieto, como sempre fazia quando o ambiente precisava ser lido com precisão.


Raya já se preparava para achar defeito em tudo, mas segurou.


Zao Tian respondeu com a mesma formalidade: "Agradeço a recepção."


Aelthandor então fez um gesto de condução e convidou: "Vocês serão guiados. Suas necessidades serão providas. E terão tempo para se estabelecer antes de qualquer pronunciamento oficial."


Era o tipo de frase que, em outro contexto, seria acolhimento.


Ali, soou como um tipo de controle gentil.


O caminho que se abriu diante deles era amplo, e conforme avançavam, o mundo elfo mostrava sua identidade sem precisar gritar.


Tudo parecia construído para durar, mas sem o peso bruto de uma fortaleza.


A vida ali tinha um tipo de organização que não era parecida com o Vale, nem parecida com Uhr’Gal.


Era diferente.


Mais silenciosa, mais polida, e ao mesmo tempo carregada de um orgulho que não precisava de vozes altas.


Raya olhou em volta como quem procura armadilha invisível.


"Bonito." A palavra saiu com desprezo, como se beleza fosse um truque.


Gins respondeu baixo, sem olhar para ela: "Você consegue elogiar sem parecer que está ameaçando um continente?"


Raya ignorou.


Nallrian manteve o foco em Aelthandor: "Estamos aqui para conversar com quem decide."


Aelthandor assentiu: "E vocês conversarão."


A frase foi correta, mas havia algo nela que não era calor.


Era uma paciência armada.


Quando começaram a se aproximar das áreas mais ocupadas, a recepção formal continuou funcionando, mas outra camada apareceu.


Olhares.


O tipo de olhar que não era só de curiosidade.


Era julgamento.


Não era uma hostilidade aberta, mas havia uma irritação contida.


Elfos observavam a comitiva com uma mistura de desconfiança e ofensa, como se a presença deles ali fosse um atraso que não deveria ter acontecido.


Yan Chihuo percebeu.


Kyon percebeu.


Nallrian percebeu.


Até Raya percebeu, e isso foi o mais perigoso, porque Raya não era boa em engolir ofensas silenciosas.


Zao Tian caminhou mais alguns passos antes de falar, esperando para ter certeza de que não era uma paranoia coletiva.


Quando teve, ele olhou para Aelthandor.


"Esses olhares…" Zao Tian começou.


Aelthandor não fingiu que não entendeu. E ele prontamente respondeu com uma suavidade educada: "Eles estão irritados."


Zao Tian não disse “por quê?” com curiosidade.


Disse com cautela.


"Com o quê?" Ele perguntou.


Aelthandor manteve o tom estável e respondeu: "Com a ordem."


Yan Chihuo franziu levemente o cenho: "A ordem?"


Aelthandor olhou para frente, como se preferisse não se comprometer demais com a própria opinião.


"Orcs e krovackianos sempre foram inimigos declarados da nossa raça." Ele não precisava explicar o histórico. Ali, todo mundo sabia, mas ele ainda assim falou: "Brutais. Irredutíveis. Orgulhosos ao ponto de transformar dor em tradição."


Ele deu mais meio passo, e a frase seguinte veio com uma precisão cruel: "Ver humanos procurando eles primeiro fez parecer que os elfos são menos importantes. Mais fracos. Menos temidos."


O silêncio do grupo não foi confortável. Foi aquele silêncio de quem entende a lógica, mas recusa a ofensa.


Zao Tian respondeu no mesmo instante, porque deixar aquilo no ar seria aceitar o rótulo: "Não foi isso que aconteceu."


Aelthandor não questionou com agressividade. Ele apenas esperou.


Zao Tian falou com a clareza que tinha usado no salão de Uhr’Gal, só que sem ameaças, apenas com fatos: "O acordo foi selado com eles primeiro porque a rota de colisão já era direta."


"Uma guerra já tinha começado."


Kyon complementou, calmo, como quem encaixa uma peça: "Se a gente não estancasse aquele sangramento primeiro, nem existiria caminho para chegar aqui sem que o universo inteiro estivesse mais instável."


Gins soltou uma frase curta, porque às vezes o simples era o mais difícil de engolir: "Era uma questão de prioridade, não de preferência."


Aelthandor ouviu tudo sem interromper. E quando respondeu, o tom dele mudou quase nada, mas mudou.


E, nesse quase nada, apareceu o que ele tentava esconder desde o início…


Ironia.


“Então…” Ele começou, antes de completar: "Talvez devêssemos ter declarado guerra contra vocês também."


Yan Chihuo virou o rosto para ele no mesmo instante: "Não diga isso como se fosse uma solução."


Aelthandor sustentou o olhar e o tom.


"E por que não?" A pergunta foi educada, mas carregava veneno: "Aparentemente, a guerra é o idioma que garante respeito e pressa."


Zao Tian não perdeu o controle, mas a paciência dele foi apertada naquele momento: "Respeito não deveria ser comprado com ameaças."


Aelthandor respondeu, ainda com aquela polidez que ferve por baixo: "E ainda assim, foi assim que vocês foram tratados por Uhr’Gal e pelos clãs krovackianos, não foi?"


Yan Chihuo endureceu o tom: "E foi exatamente por isso que nós não queremos repetir."


Aelthandor deu um sorriso curto, quase imperceptível, que não era alegria. Era uma confirmação amarga.


O pensamento dele era o mesmo dos demais. A diferença era que ele tinha treino suficiente para não cuspir na cara de ninguém.


Raya, finalmente, soltou um som irritado, quase um riso sem humor: "Vocês querem que a gente declare guerra para vocês se sentirem valorizados."


Nallrian lançou um olhar para Raya, avisando sem palavras.


Não agora.


Raya fechou a cara, mas ficou quieta.


Zao Tian tomou o controle de novo e avisou: "Eu não vim aqui para discutir orgulho."


Aelthandor assentiu e respondeu: "Nem eu."


Depois, ele então fez o gesto de condução outra vez.


"Vocês terão tempo para se explicar a todos." Ele explicou.


Zao Tian franziu levemente o cenho: "Explicar a todos?"


Aelthandor não escondeu a estrutura do que estava por vir ao responder: "O conselho e os representantes que vieram de outros territórios."


Ele olhou para Nallrian de forma quase simbólica e prosseguiu: "E aqueles que se consideram afetados por qualquer acordo que envolva vocês."


Yan Chihuo deu um passo, se colocando ao lado de Zao Tian com uma intenção clara: "Então vamos direto ao ponto."


Aelthandor não negou, mas também não correu: "O que tiver de ser dito, será dito em breve."


Ele fez uma pausa pequena, e a frase final veio suave demais para o conteúdo que ela continha: "Hoje, vocês estão aqui como convidados formais."


Os olhares em volta continuaram.


Alguns elfos desviavam, como se não quisessem olhar para humanos.


Outros olhavam como se estivessem esperando um erro para justificar o ressentimento.


Zao Tian respirou fundo, mas não para se acalmar. 


Era para se ajustar ao ambiente.


Ele já tinha vivido aquilo em outro formato.


O sentimento era o mesmo, só mudavam os rostos.


Uhr’Gal tinha sido uma tensão explosiva.


Ali era a mesma tensão, só que polida.


E, para ele, a segunda era mais perigosa, porque vinha com um sorriso e um punhal ao mesmo tempo.


Yan Chihuo aproximou o rosto de leve, falando baixo para não alimentar a plateia: "Eles querem fazer a gente pagar por não ter batido na porta deles primeiro."


Zao Tian respondeu no mesmo volume: "E a gente vai pagar com paciência, não com orgulho."


Ye Yang falou baixo, encaixando outra peça: "Se eles forçarem a narrativa, eles vão tentar nos colocar como suplicantes."


Zao Tian assentiu, apontando para Nallrian: "E é por isso que ela está aqui."


Ye Yang não respondeu. Apenas aceitou a decisão.


Nallrian olhou para frente, e a voz dela saiu firme: "Eu conheço o tipo de cerimônia que eles vão tentar usar para nos apertar."


Zao Tian respondeu: "Então a gente não se perde nela."


Aelthandor, por sua vez, continuou conduzindo. E, enquanto caminhavam sob uma recepção impecável e uma irritação coletiva escondida em olhos de todos, Zao Tian percebeu algo que não gostou…


O respeito ali era condicionado.


E respeito condicionado era sempre uma moeda que alguém tentava cobrar com juros.


Quando o caminho finalmente os levou para um espaço preparado para acomodá-los, Aelthandor parou e fez outro gesto formal.


"Aqui vocês descansarão." Ele disse, e depois olhou para Zao Tian e Yan Chihuo: "A reunião será anunciada em breve."


Yan Chihuo respondeu apenas com o necessário: "Estaremos prontos."


Aelthandor assentiu, e antes de sair, a última frase dele veio com o mesmo verniz polido: "E tenham em mente que vocês não estão falando apenas com líderes."


Ele pausou, antes de prosseguir: "Vocês estão falando com um povo que não gosta de ser tratado como uma escolha tardia."


Zao Tian sustentou o olhar e respondeu com a verdade que já tinha decidido carregar: "Então eu vou falar com esse povo como ele merece."


Aelthandor pareceu satisfeito com a frase, mas não relaxou.


Ele se virou e se afastou, e, assim que ele saiu do alcance imediato, o grupo ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo o cenário.


Aquilo não era uma guerra, mas um ‘ainda’ sempre rondava essa ideia.


Todo aquele acolhimento mais parecia um julgamento que tinha começado antes mesmo de eles entrarem na sala do conselho.


Sabendo disso, Yan Chihuo soltou o ar devagar e reconheceu: "Isso vai dar trabalho."


Raya deixou escapar: "Se eles quiserem casamento comigo, eu juro por tudo que eu…"


Nallrian cortou, firme: "Raya."


Raya fechou a cara, mas obedeceu, porque até ela sabia que certas explosões não podiam acontecer ali.


Zao Tian caminhou até a borda do espaço que lhes foi reservado, olhando o mundo elfo com a mesma atenção com que olhava um campo de batalha.


Naquele olhar, não era beleza que o interessava. Era a direção do vento político.


E ele já sentia.


Eles não estavam sendo recebidos como parceiros. Estavam sendo recebidos como quem chega atrasado a uma ofensa.


Ele fechou os olhos por um instante… 


Então abriu de novo, e sua voz veio baixa, firme, e decidida: "Vamos resolver isso!"


Ninguém respondeu, porque todos ali sabiam que, a partir daquele momento, cada palavra que saísse de suas bocas teria o peso de um mundo inteiro.




O ÚLTIMO HERDEIRO DA LUZ -UHL | NOVEL

© 2020 por Rafael Batista. Orgulhosamente criado com Wix.com

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